quarta-feira, 27 de julho de 2011

SOCORRO! CORINHOS INVERTEBRADOS

SOCORRO! CORINHOS INVERTEBRADOS

Lamentavelmente o louvor em muitas igrejas está em estado de coma. A igreja está sendo massificada por um amontoado de corinhos invertebrados, ou seja, sem pé nem cabeça onde o que vale não é se o que se canta é bíblico, mas se faz bem. A maioria dos corinhos cantados em nossas igrejas é uma apologia ao cristianismo de lagoa: esparramado e raso. Corinhos ingênuos, banais, tremelicosos, fragmentados, catárticos, aguados, tupiniquim, amebianos, tolos, de letra capenga, sem sentido, de música pobre e de teologia estropiada. Corinhos que não passam de quinquilharias e bugigangas, pois não têm um conteúdo bíblico denso, mas um conteúdo light-dietético, mais para ginga e requebro que para reflexão. Corinhos que insultam a Deus rebaixando-o ao nível infantil, pois apresentam Deus como “fada madrinha” ocultando Sua santidade. Têm ritmo e estridência, porém são vazios de letra bíblica. Quando na letra se fala de Jesus é para induzir as pessoas projetarem seus sonhos de consumo. São monocrômicos, isto é, pintados com uma só cor, ou seja, é sempre a mesma ladainha, a mesma lenga-lenga: beber nos teus rios, mergulhar nos teus rios, encher meus celeiros com os frutos da terra, voar nas asas do Espírito, Deus sonha os teus sonhos, Deus investe nos meus sonhos, os sonhos que Deus sonhou para mim, estar apaixonado por Jesus, quero te tocar, quero te abraçar, amamos louvar-te, viemos te louvar, subir o monte Sião, subir acima dos querubins, uma série de expressões invertebradas. Louvor não consiste de palavra sobre louvor, mas sobre o Senhor. Louvar não é dizer “amamos louvar-te”, “viemos te louvar”. O que Deus é, e faz é que nos leva a nos prostrarmos diante dEle maravilhados e, refletir sobre os seus atos, seu amor e sua graça em adoração. O monte Sião é uma tipologia do Evangelho e cada crente já está nele (Hb 12: 22-29). Subir acima dos querubins é problemático, pois quem quis subir acima dos querubins foi Satanás e foi expulso do céu (Is 14:13). Portanto, toda letra de cântico deve ser submetida ao exame bíblico. O certo não é o que se a pessoa canta lhe faz bem. O certo é o que está de acordo com a Bíblia. A música evangélica deve ter função pedagógica e não recreativa, ela não é acessório, nem adorno, nem passa tempo, nem é para variar o culto; ela deve ensinar as grandes verdades da fé cristã. Agostinho, um dos pais da igreja disse: “Se a música me proporciona mais deleite do que as próprias palavras, confesso prontamente que cometi um pecado grave”. Os hinos de Watts e Wesley instruíram inúmeras pessoas, de agricultores a nobres, nas grandes doutrinas cristãs. Lutero firmou a Reforma com suas pregações, seus escritos, mas muito mais com seus cânticos. Os cânticos devem ter uma recitação teológica, uma apresentação clara de doutrinas. Na ótica vertical a finalidade dos cânticos é a glória de Deus, na ótica horizontal é ensinar, instruir. Poucos são os corinhos que exortam à confissão de pecados, que falam de missões, da Bíblia como Palavra de Deus. A maioria de suas letras não canta a cruz, o sangue que purifica de todo o pecado, o túmulo vazio, o perdão dos pecados, o caminho estreito, a necessidade de arrependimento e santificação dos crentes. Canta-se vitória, mas não se canta integridade, renúncia e negação de si mesmo.
Nossa bandeira é Cristo e sua cruz. Qualquer cântico que conspurcar essa bandeira blasfema. Alguns dizem: “Os corinhos são necessários porque o culto tem que ser alegre”. Ora, somente aquele que sentiu seu pecado, clamou por misericórdia e recebeu o perdão tem alegria. Somente aquele que se angustia como Isaías, pode ter alegria: “Ai de mim que estou perecendo, porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6:5). Outros dizem: “A letra dos cânticos não interessa, o que importa é a intenção”. A verdade é que muitos querem um culto para se soltar e não para aprender as verdades Escriturísticas. Querem um agito e não reflexão. Observa-se que ao cantarem esses corinhos tremelicosos e catárticos, a congregação faz cara de quem sente dor renal, apertam os olhos com ar sofrido, e se requebra. Se o louvor satisfaz a necessidade de balanço é um louvor medíocre. A adoração em espírito e em verdade é a consciência do Sagrado e o quebrantamento diante do Senhor. O que conta na adoração é a contrição e não a recreação. A verdadeira adoração nos leva a uma séria reflexão sobre os atributos e atos de Deus, e Ele deve ser exaltado na fala de adoração. Ninguém pode ser um palhaço e um adorador. O mais grave disso tudo é que os “ministros” de louvor se preocupam em manter a congregação eufórica e satisfeita consigo mesma, ora através de seus berros, ora através de sua voz embargada. Ninguém merece esse tipo de “ministração”! Os compositores, cantores, e “ministros” desses corinhos invertebrados se colocarão um dia sob o juízo do Altíssimo por sabotarem e desvirtuarem algo tão sagrado como a adoração e por pensarem que Deus é um bobalhão. O verdadeiro louvor produz o grito de Isaías: “Ai de mim”.
O ministério da saúde tem se mostrado preocupado com os jovens brasileiros no que diz respeito à alimentação. O consumo de hambúrguer, cachorro quente, batata frita e refrigerante tem sido assustador pelos jovens. Isso acarreta uma série de doenças. Há igrejas vivendo de hambúrguer, cachorro quente, batata frita e refrigerante, ou seja, vivem de louvorzões movidos a corinhos invertebrados, por isso estão na UTI. Corinhos sem pé nem cabeça treinam as pessoas a adorarem apenas com a metade de sua mente e a metade de sua sinceridade e seriedade, pois tendo a consistência de chiclete produz sensação agradável, mas não dá profundidade. Nesse contexto, as pessoas passam a obter prazer na música e não nas palavras.
Hinos e cânticos em nossas igrejas precisam de doutrina correta para edificar. Necessitamos de uma hinologia bíblica e teologicamente correta. Queremos cânticos ricos na sã doutrina, em conformidade com a fé que uma vez foi dada aos santos (Jd 3). Socorro! Chega de corinhos invertebrados. Abaixo os corinhos sem pé nem cabeça!

Ir. Marcos Pinheiro



terça-feira, 19 de julho de 2011

EXECUTIVOS DO PÚLPITO

EXECUTIVOS DO PÚLPITO

O colapso da igreja evangélica pode ser atribuído a uma série de fatores. Porém, ultimamente a igreja tem sido veementemente bombardeada pelo secularismo. Muitos pastores estão convertendo o sistema estrutural da igreja em uma entidade baseada mais nos princípios do mundo empresarial do que nas instruções da Palavra de Deus. Como conseqüência, a igreja passa a operar como empresa e o pastor emula a personalidade de um executivo. A estratégia é adotar o sistema gerencial da modernidade, ou seja, definir metas e objetivos, fazendo-os compreensíveis para cada membro da igreja. O pastor passa, então, a ser julgado como um homem de negócios, um executivo, e não pela sua capacidade de pregar, ensinar e aconselhar. O importante é a sua capacidade de fazer a igreja funcionar eficientemente em termos de arrecadação. Um executivo do púlpito disse: “Pense na igreja como uma agência de serviço, uma entidade que existe para satisfazer as necessidades das pessoas”. Vender Jesus é uma arte do executivo-pastor. Na igreja do executivo-pastor o evangelismo nem de longe é focado em Deus, mas antes, nos consumidores. Em suas mensagens, o executivo pastor, usa ditados populares, gírias e emprega incorretamente as ferramentas da exegese e da hermenêutica. Eles são numéricos e quantitativos, por isso o estilo humorístico prevalece para prender a platéia. Portanto, não há diferença entre suas igrejas e qualquer negócio em que se usa telemarketing. Os executivos-pastores são marqueteiros ardilosos cuja estratégia principal é tentar persuadir as ovelhas que têm os mesmos interesses que eles. São ostentadores de títulos e com altivez se adentram na igreja com sua pasta de executivo exibindo seus anéis nos dedos. E a Bíblia? Está dentro da pasta. Geralmente têm uma poupança gorda, carro do último tipo, jatinhos, além de residirem em mansões. Uma característica dos executivos do púlpito é que à semelhança de Arão, eles subjetivam a Palavra de Deus e dizem: “Amanhã, será a festa ao Senhor”, porém os elementos da festa são padronizados pelos livros seculares de marketing. Em muitos seminários os seminaristas estão sendo treinados muito mais em habilidades publicitárias, negócios e marketing do que em teologia e aulas de aconselhamento pastoral. Todos esses futuros pastores serão gerentes de um negócio “espiritual” e transformarão suas igrejas em empresas com tintura religiosa. Em suma: esses seminários são verdadeiras fábricas de lobinhos. No mundo empresarial constatamos que muitas lanchonetes inicialmente vendiam somente sanduíches, depois passaram a oferecer café da manhã, e depois almoço. A implicação disso consiste na visão de que é imbuído o executivo do púlpito, ou seja, a exemplo das lanchonetes, a igreja deve descobrir o que as pessoas querem e oferecer-lhe isso sem considerar os aspectos doutrinários.
O princípio norteador dos executivos do púlpito é extremamente humanista, pois procuram mensurar o intangível e o sobrenatural. Usam uma escala de receptividade onde os incrédulos são classificados como altamente resistentes ao evangelho, indiferentes ao evangelho e altamente receptivos ao evangelho. Segundo os executivos-pastores, a construção e a quantificação dessa escala servem como base para a evangelização e possibilita melhor utilizar os obreiros e maximizar a distribuição de recursos da igreja. A construção de escala bem como a sua quantificação é usada por empresas no lançamento de novos produtos. Materializar a obra do Espírito Santo é ultrajar a soberania de Deus. Subordinar as ações soberanas do Espírito Santo às equações e escalas da engenharia da qualidade total é fazer da igreja uma empresa, é colocar Deus na periferia. Não é o mapeamento da receptividade ao evangelho, nem a aplicação específica de qualquer técnica ou metodologia empresarial, nem o estabelecimento de alvos numéricos que fazem a igreja ser igreja. O que faz a igreja ser igreja é ela viver na presença dEle, depender da graça dEle e obedecer a Sua Palavra. Dentro da vontade prescritiva de Deus, isto é, seus mandamentos, seus ensinamentos, suas diretrizes, seus aconselhamentos e suas admoestações, a igreja tem a responsabilidade e o deve de planejar suas ações, mas não de arbitrar as metas e resultados numéricos que só a Deus pertence. A igreja não é empresa para aferir a validade de suas ações. O profeta Isaías foi mandado a pregar, já com a certeza da rejeição e da ausência de resultados (Is 6:9-11).
É preciso entender que a igreja constitui-se de pessoas que provaram a graça de Deus na pessoa de Jesus Cristo identificando-se com Ele na Sua morte e ressurreição. A igreja não depende do modelo empresarial para sobreviver, pois ela vive e sobrevive por ser o corpo de Cristo na terra. A igreja é sobrenatural, nasceu no coração de Deus (Ef 1:4) e está edificada sobre o Senhor Jesus. A igreja que não é empresa fica com a Bíblia, toda a Bíblia e nada mais do que a Bíblia!
A verdade é que o executivo-pastor trouxe o modelo empresarial para dentro da igreja e minimizou a função do Espírito Santo. Precisamos de novos Luteros, novos Calvinos e novos Zuínglios que toquem a trombeta e coloquem abaixo as igrejas travestidas de empresas. Precisamos não de ajuntamento social, mas de comunhão orgânica dos santos. Precisamos de uma fé bíblica e não de uma fé comercial. Precisamos ruminar a Bíblia Sagrada e não os livros de “Relacionamentos e Vendas”. Precisamos de homens que dobrem os joelhos não diante do cogumelo empresarial, mas diante da videira verdadeira. Precisamos de pastores que sejam provedores espirituais do rebanho e não de pastores materialmente bem providos pelos fiéis. Precisamos não de executivo-pastor, mas de pastor-pastor.

Ir. Marcos Pinheiro





quarta-feira, 13 de julho de 2011

MINISTÉRIO DE TEATRO? ESSA NÃO!

MINISTÉRIO DE TEATRO? ESSA NÃO!

Estamos vivendo a época em que a igreja descartou tudo o que é antigo e abraçou tudo o que é novo. O tema hoje é: “Novos tempos exigem novas soluções”, ou seja, precisa-se de um novo tipo de pastor, um novo tipo de louvor e um novo modelo eclesiástico. Alguns têm uma nova “revelação” e outros até um novo Deus. Um Deus patético, sintético, bonachão, brincalhão e teatral. Nesse contexto, a igreja do Senhor Jesus tem se transformado em um grande parque temático onde se encontra a oferta de um cristianismo inconseqüente por utilizar os modelos do mundo em suas práticas. A igreja passou a ser uma instituição meramente sociológica onde seus líderes aplicam categorias de pensamentos seculares adaptando-a aos novos tempos. O culto solene e de grande edificação à igreja na glorificação de Jesus Cristo, vai perdendo lugar para as novidades mundanas inspiradas por “outro espírito” e endossadas pelos pastores novidadeiros. Esses pastores são novidadeiros porque sempre apresentam novidades para manter as ovelhas entretidas, ou quem sabe, também os bodes. Para os pastores novidadeiros, ou seja, pastores do “outro evangelho”, não lhes interessam os meios desde que haja “casa cheia”. Charles Spurgeon disse: “Não poso imaginar um instrumento mais útil a Satanás do que ministros mundanos”. Essa geração de pastores interessados em atrair massas tem se levantado contra as santas tradições que nos foram ensinadas por palavras e epístolas “Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que nos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístolas” (2Ts 2:15). Nesse contexto, eles criaram o “ministério” de teatro. O lamentável resultado é o povo sem identificação com o supremo pastor – Jesus Cristo. Não há nenhum exemplo de apresentação teatral no Novo Testamento. A Bíblia nunca apresenta os crentes realizando teatro no momento de culto. Os pastores novidadeiros pertencem a geração de “Janes” e “Jambres” que se rebelam contra a sã doutrina. Misturam o sagrado com o profano e, aqueles que não concordam com suas práticas as quais têm o aval do diabo são taxados de radicais, legalistas e colocados de escanteio. O pregador puritano Thomas Watson disse: “Cultuar um falso Deus é proibido; cultuar o verdadeiro Deus de uma maneira falsa é também proibido”.
As peças teatrais obscurecem a linha de separação entre o verdadeiro culto e o entretenimento, especialmente numa geração encharcada por televisão como a nossa, na qual uma das insidiosas expectativas é ser entretida. Portanto, o teatro na igreja muda o foco das atenções, de Deus para os talentos artísticos. E essa mudança é revelada por meio do aplaudir no final da apresentação. Quem é o beneficiário dos aplausos? Claro que são os artistas da peça e não Deus. Portanto, quando as peças teatrais são agregadas ao culto, cultua-se o nada. O culto deve ser espiritual, e não uma performance estética. Deus não é um esteticista que se propõe a apreciar as habilidades e os dotes artísticos. O prumo de um culto não é a estética dos adoradores, mas a proclamação de “Que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co 5:19). Além disso, as peças teatrais são fábricas de uma espiritualidade sintética, fantasiosa, não real. As peças teatrais expõem o Evangelho como produto de fim de feira, isto é, barato, fácil, sem renúncia, sem cobranças, sem comprometimento, sem cruz, com porta larga, caminho amplo e asfaltado que não condena as iguarias do mundo e, por isso é facilmente degustado. O problema das peças teatrais é que na tentativa de repetir os episódios bíblicos, existe uma grande dose de alegorização dos textos bíblicos, e total desrespeito pelo contexto histórico dos mesmos, bem como a falta de distinção entre o que é descritivo na Bíblia, e o que é normativo para as experiências cristãs. Os artistas das peças teatrais apresentam-se na plataforma das igrejas com roupas sensuais, pinturas jezabelescas e calças apertadas que defraudam expondo a “barriguinha evangélica”. Indiferença total aos preceitos bíblicos que condenam a falta de pudor. Além disso, nessas apresentações teatrais há o rebolo, o gingado, o bate o pé e até cambalhota e, a torcida entorpecida bate palmas. O pastor e teólogo fundamentalista D.M. Lloyd-Jones disse: “A reforma protestante acabou com as peças teatrais na igreja; A reforma livrou-se de tudo isso, e é muito triste observar que pessoas estejam tentando levar-nos de volta àquilo que os reformadores viram claramente que estivera ocultando do povo o Evangelho e a verdade. Se você fizer uma pantomima das Escrituras ou exibir delas uma representação dramática, estará desviando a atenção do povo para longe da verdade comunicada pelas Escrituras”
Alguns dizem: “As peças teatrais atraem as pessoas para a igreja”. Ora, isso entra em confronto com o que Jesus disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (João 12:32). É somente Jesus quem atrai. Se numa igreja Cristo não mais atrai, infelizmente ela o trai. Jesus não tinha uma técnica para atrair as pessoas. Ele pregava as boas-novas do Reino. Corações que querem Deus se abrem para a mensagem de boas-novas. O uso do teatro “evangélico” para a igreja só traz mais joio para o trigal além daquele que Satanás planta. A igreja não precisa se adaptar a novos tempos nem necessita de novas técnicas e modelos. Não precisa de novidades, mas de “velhidades”, ou seja, precisa da velha mensagem da cruz. Querer abraçar o modismo do teatro e recusar o que foi cristalizado há séculos é estultice. É diferente ter uma membresia atraída pela mensagem de Jesus e ter uma membresia atraída por técnicas e métodos mundanos. Um dia, aqueles que foram atraídos por modelos mundanos descobrirão que o mundo oferece mais, e irão novamente atrás do mundo. Porém, aqueles que se renderam ao Evangelho de Jesus permanecerão. O enriquecimento da igreja vem do Espírito Santo, da comunhão com Ele, do abandono do pecado e do aprofundamento nas Escrituras e não através de modelos carnais. É hora de colocar o azeite na candeia e aguardar o noivo amado que virá em socorro da noiva fiel, a igreja que não se contaminou com os manjares do mundo. Quero terminar expondo a exortação de Provérbio 22:28 que diz: “Não removas os marcos antigos que teus pais estabeleceram”

Ir. Marcos Pinheiro

domingo, 10 de julho de 2011

EVANGELHO SUBORDINADO À CULTURA? ESSA NÃO!

EVANGELHO SUBORDINADO À CULTURA? ESSA NÃO!

A frase muito usada por aqueles que classificam a cultura de um povo como sendo moralmente neutra é: “Isso faz parte do contexto cultural, é uma questão de usos e costumes”. Nessa visão, passa-se a aceitar indiscriminadamente todos os aspectos daquela cultura, ou seja, tudo que aquele povo produz e faz é considerado cultura mesmo que contrarie a Palavra de Deus. A conseqüência é que o Evangelho passa a ser hóspede da cultura, passa a ser subordinado à cultura daquele povo. A igreja tem que ter discernimento moral para separar formas comportamentais que não condizem com a Palavra de Deus independentemente de serem classificadas como cultura ou não. Não se pode aceitar uma cultura sem antes analisar o que ela tem de antibíblico. A cultura de um povo não é neutra. Ela reflete o caráter moral e espiritual das pessoas que a compõem, portanto, traz valores e preceitos que não condizem com a Palavra de Deus e, que precisam ser transformados. Desse modo, nem tudo que provêm de um povo deve ser absorvido pela igreja do Senhor Jesus. Alguns afirmam que se numa cultura a poligamia é tida como prática normal, a igreja deve abandonar o padrão bíblico da monogamia e aceitar a poligamia; se noutras culturas o assassinato das primeiras crianças do sexo feminino, o adultério, o nudismo e a exploração da mulher são vistos como práticas normais, a igreja não deve encarar essas práticas como transgressão aos preceitos morais da Palavra de Deus.
É preciso entender que a Palavra de Deus é suprema e a moral é um princípio que transcende a cultura. A adaptabilidade da fé cristã à cultura é uma violação ao Evangelho, é um agravo à moral de Deus. As verdades imutáveis das Escrituras não podem ser subordinadas aos modismos mutáveis da cultura. Não se pode aceitar uma cultura às cegas, ou seja, sem ter a visão nítida do que essa cultura tem em contrário à Palavra de Deus. O resultado da adaptabilidade da fé cristã à cultura são as teologias locais. Há uma teologia escandinava, outra africana, outra indígena e assim por diante, como se os princípios descritivos de moralidade revelados por Deus na Sua Palavra fossem obsoletos. Os modernistas-liberais terão de dizer que o apóstolo Paulo era um legalista, pois suas observações fora politicamente incorretas e anicultural quando orientou o jovem pastor Tito quanto aos habitantes da ilha de Creta (Tito 1:10-13). Muitos, daquela cultura cretense, haviam trazido para dentro da igreja, comportamentos não condizentes com a Palavra de Deus, Paulo então orienta Tito dizendo-lhe que rejeitasse e repreendesse severamente aqueles que estavam na igreja e refletiam o comportamento cultural dos cretenses. Quando se aceitam os aspectos culturais como sendo moralmente neutros, então, há de se aceitar dentro das igrejas as danças sensuais, dentre elas, a dança do ventre, como uma expressão cultural ingênua e não como uma propagação da imoralidade. Um herético disse: “Um cordão para cobrir o corpo de uma mulher é uma questão cultural, dentro da visão indígena, nada tendo de imoral”. Aqui cabe a pergunta: Será que a cultura é algo tão supremo e destituído de valor moral? Claro que não, pois foi o próprio Deus que vestiu Adão e Eva caídos em pecado. Na lógica humana, o casal decidiu fazer cintas com folhas de figueiras para cobrir a sua nudez. Imediatamente Deus na Sua infinita misericórdia matou animais e proveu graciosamente túnicas de pele (Gn 3:21). O Senhor substituiu as cintas de Adão e Eva por túnicas para mostra-nos que a Sua vontade é que usemos vestimenta que cubram o corpo e não meramente um tipo de vestimenta mínima.
É preciso entender que o Evangelho do Senhor Jesus é juiz e redentor e nunca submisso aos desvios comportamentais. Quando a Bíblia diz em Gênesis que Deus criou o homem à nossa imagem e semelhança; a imagem de Deus no homem torna esse homem uma criatura moral. Assim, a cultura não é algo supremo destituído de valor moral. Algumas pessoas dizem: “Há cultura em que a exposição dos seios da mulher não é afrontosa, mas sim a exposição de seus joelhos, então nessa cultura as mulheres podem cultuar nosso Deus com seus seios expostos”. Ora, uma mulher dessa cultura convertida deverá cobrir os seios bem como os seus joelhos, pois as Escrituras nunca podem ser refém dos usos e costumes dos povos. Segundo o teólogo liberal Rudolf Bultman, deve-se contextualizar a mensagem bíblica pelos padrões da cultura. Isso é grave, pois equivale a tirar a Bíblia de seu contexto histórico-literal-sacro o que leva a adulteração da mensagem dando início a um processo de apostasia. Jesus não se preocupou em contextualizar sua mensagem pelos padrões culturais de sua época. Ele confrontou seus seguidores de modo direto. Por isso, muito dos seus seguidores o abandonaram e já não andavam com Ele. A mensagem de Jesus se desvinculava de preocupações sociológicas, antropológicas, psicológicas e políticas. Portanto, o Evangelho é confrontador, é ofensivo ao homem natural e, no momento que se tenta contextualizar o Evangelho pela cultura dos povos e pelos seus usos e costumes, altera-se a essência da mensagem. O pudor expresso na Bíblia é válido para qualquer cultura. Quando se aceita a cultura como referencial, rejeita-se o ensinamento bíblico.

Ir. Marcos Pinheiro


domingo, 3 de julho de 2011

O FIGURINO BÍBLICO: MODÉSTIA E BOM SENSO

O FIGURINO BÍBLICO: MODÉSTIA E BOM SENSO

O texto bíblico usado pelo apóstolo Paulo que trata a respeito da composição das vestes da mulher cristã está em I Tm 2:9: “Da mesma sorte que as mulheres em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestidos dispendiosos”. Na mesma linha de pensamento, Pedro exorta enfaticamente: “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura dos vestidos”. À luz destas passagens, medidas éticas e disciplinares são recomendadas e merecem atenção especial. Há realmente mulheres, que se tornam indecentes, na maneira de trajar, usando vestidos transparentes ou escandalosamente decotados. Às vezes, aparecem com as costas desnudas e o busto quase totalmente exposto, numa demonstração de evidente carnalidade. Existem, ainda, as preferências pelas mini-saias, as quais despertam a lascívia dos olhares cupidinosos. As vestes falam bem alto dos sentimentos do interior e das pretensões do coração, ou seja, “o como” nos vestimos está relacionado com “o que” somos por dentro. Em nossos dias percebe-se que o espírito de prostituição na casa do Senhor tem caminho livre através da moda desavergonhada e provocante. E, o pior é que pastores retrocedem. Não ousam abrir a boca, e dobram-se à imposição diabólica da moda devassa. Esses líderes são como diz o profeta Isaías “cães mudos” (Is 56: 10). Atualmente, o padrão definido pelos meios de comunicação como sendo a mulher ideal é a sensual, geralmente pouco vestida, que exibe o corpo como mercadoria. Não se procura a mulher virtuosa, mas a mulher formosa. É o reflexo de uma sociedade que cultua o corpo e que tem a mulher apenas como um pedaço de carne em exposição num açougue chamado exibicionismo. É preciso que os servos e as servas de Deus não se deixem aviltar pela imposição diabólica da moda, mas se ataviem com trajes decentes, com modéstia e bom senso.
O figurino que traz modelos elegantes, sóbrios e modestos são os traçados pelo Espírito Santo – “Que as mulheres se ataviem com modéstia e bom senso”. A palavra modéstia no grego é “aidos” que quer dizer “respeito”. É usada como sinônimo de pureza moral de comportamento. Tal pureza não exibe ostentação nem sensualidade. A modéstia procura não atrair a atenção para si mesma nem se mostrar de maneira inconveniente. Portanto, a modéstia é o elemento chave do caráter cristão e, as vestes devem fazer a mesma “confissão” que os lábios fazem. Vestir-se com modéstia significa um sentimento moral que inclui respeito para com o sentimento de outros, ou seja, indica um senso de respeito aos limites de conveniência. Enfim, a modéstia não quer exibir-se, não se revela em nudez quer na igreja ou fora dela. Por outro lado, a palavra grega para “bom senso” é “sophrosune” que indica controle das paixões e dos desejos. O filósofo Aristóteles fazia dessa virtude um fator normativo em toda a ação ética, intitulando-a de virtude áurea. Desse modo, “bom senso” deve ser entendido como um estado de controle sobre si mesmo na área de apetites. Paulo passa a idéia de autocontrole nos apetites físicos o que impede o surgimento da tentação à imodéstia. Portanto, “bom senso” possui uma conotação especificamente sexual. É claro que não se deve descartar que Paulo combate nesse versículo o aparato de vestuário, pois ele enfatiza “não com vestidos dispendiosos”. A palavra “dispendioso” no grego é “poluteles” que significa, “caro”, “luxuoso”. Roupas luxuosas, caras e extravagantes além de levar a uma vida de ostentação para o gáudio próprio e humilhação para os mais pobres da igreja, resultam em dispêndio inútil e atentam contra a recomendação apostólica da simplicidade. O figurino bíblico não exala sexo, ostentação e dinheiro, mas pureza e humildade. Calvino disse: “Onde a cobiça reina no íntimo, não haverá modéstia nas vestes exteriores”. Acrescenta ainda “A vestimenta de uma mulher piedosa tem de ser diferente das vestes de uma prostituta, se a piedade tem de ser provada pelas obras, a verbalização de ser crente também precisa ser visível em vestes decentes e apropriadas”. Nos tempos bíblicos a caracterização de uma prostituta era a revelação de seu corpo através de suas roupas sensuais. Não havia nenhuma dúvida quanto ao “uniforme de uma prostituta”. Na verdade, o marketing de uma prostituta consiste em mostrar suas curvas, coxas, nádegas e genitálias. Nesse contexto, as mini-saias, vestidos decotados, apertados ou transparentes satisfazem perfeitamente essa finalidade.
Algumas pessoas dizem: “Deus vê o coração e não o exterior” (I Samuel 16:7). Mas, observe o que diz em Mateus 17:1 e 2 “E após seis dias, Jesus tomou a Pedro, Tiago e João, seu irmão e os levou até um alto monte em particular; e foi transfigurado diante deles e seu rosto brilhava como o sol e suas vestes se tornara brancas como a luz”. Jesus estava ainda sob a forma humana, mas diante de Pedro, Tiago e João, sua aparência foi transformada. Jesus estava transfigurado, o que na língua grega significa modificado. A palavra “transfigurado” vem do grego “morphi” que quer dizer “expressão exterior que procede do interior”, ou ainda, “expressão exterior que apresenta o caráter interior”. Naquele dia, no monte, quando o rosto de Jesus começou a brilhar tanto quanto o sol e suas vestes se tornaram brancas como a luz, a glória de Deus começou a resplandecer. Aquela glória de Deus era uma expressão exterior de quem Jesus era. Portanto, um coração puro reflete no exterior. Um coração santo e puro não exterioriza sensualidade. As pessoas não podem ver nossos corações para saber o que há dentro, mas podem discerni-lo pelo que estão vendo por fora. O modo como nos vestimos revela o que somos. É claro que uma mulher pode está pudicamente vestida e ter um coração cheio de rapinas, mas a Deus ela não engana. O fato de se ter a possibilidade de uma mulher está pudicamente vestida e ter um coração podre não invalida o figurino estabelecido por Deus: modéstia e bom senso.

Ir. Marcos Pinheiro