quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SORTEIOS NA IGREJA? ESSA NÃO!

SORTEIOS NA IGREJA? ESSA NÃO!

Métodos Escusos e antibíblicos têm sido usados por certas igrejas para arrecadar dinheiro. Dentre eles: rifas, bingos e sorteios. Os pastores dessas igrejas passaram a entender que a igreja não é mais o sal da terra, mas o mel do mundo. Nesse contexto tentam justificar dizendo que o apóstolo Pedro se utilizou da sorte na escolha do substituto de Judas Iscariotes e por isso é bíblico fazer sorteios na igreja. Ora, Jesus havia ordenado que os discípulos não fizessem nada até a vinda do Consolador, o Espírito Santo, o qual os direcionaria em tudo (Lucas 24:49). A Igreja, sem dirigente, deveria esperar a vinda do Espírito Santo, sem agir antes. Pedro, porém, precipitou-se e resolveu escolher um novo apóstolo para substituir Judas, o traidor. Pedro agiu antes de o Espírito Santo chegar; ele usou da sorte baseando-se no Antigo Testamento em que Deus permitia em alguns casos o uso da sorte, fazendo expressar Sua vontade. Pedro era cheio de coisas judaicas, ele quis misturar a lei (o uso da sorte no Antigo Testamento) e a graça. Em Gálatas 2:14 vemos o apóstolo Paulo repreender a Pedro pelo fato dele ter obrigado aos gentios viverem como judeus. Isso deixa claro que Pedro era cheio de coisas judaicas, que o levou à precipitação, escolhendo o homem errado para apóstolo, Matias. Todos os apóstolos foram escolhidos diretamente por Jesus Cristo: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele” (Mc 3:13). Em Atos 1: 2 lemos: “Depois de haver dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos que escolhera, foi levado às alturas”.
Paulo foi o legítimo substituto de Judas, pois foi escolhido diretamente por Cristo. Em Gálatas 1:1, o próprio Paulo diz: “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus pai, que o ressuscitou dentre os mortos”. De acordo com Efésios 2:20, os apóstolos são fundamentos da igreja, ou seja, a igreja está fundamentada nos apóstolos, e esses, por sua vez, em Cristo, que é a pedra angular. Se Matias foi o substituto de Judas e fundamento da igreja onde estão registrados os sinais de seu apostolado? Onde estão as epístolas de Matias? No entanto, temos quatorze epístolas paulinas no Novo Testamento. Em Efésios 3: 3-5 Paulo fala do mistério de Cristo oculto em Deus durante eras, e que agora se torna conhecido pela revelação dada aos apóstolos e profetas. Paulo se inclui como apóstolo que recebeu tal revelação “Como me foi este mistério manifestado pela revelação” (v3). Depois da eleição de Matias, não vemos mais o seu nome na Bíblia. O nome de Paulo marca o livro de Atos dos Apóstolos, bem como todo o Novo Testamento.
Em João 15:16 Jesus diz taxativamente aos onze que os havia escolhido “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei”. Do mesmo modo Jesus diz com relação a Paulo “Este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios” (At 9:15). Observa-se claramente em atos 1:21-22 que Matias estava entre as testemunhas da ressurreição do Senhor Jesus “Um deles se faça conosco testemunha da ressurreição, e apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias”. Se Matias foi o substituto de Judas por que Jesus ao vê-lo, não o escolheu naquela ocasião? Além disso, verifica-se claramente que, logo que Matias foi escolhido por sorte ele foi contado com os onze apóstolos, mas não diz que ele tenha se tornado um apóstolo “E por voto comum, foi contado com os onze apóstolos” (Atos 1:26). Isto vem revelar o ato precipitado de Pedro.
Aqueles que defendem Matias como o substituto de Judas alegam que uma oração foi realizada antes da sua escolha. Ora, a Bíblia ensina que o Senhor só atende as orações que são feitas de acordo com a sua vontade (I João 5:14). As Escrituras não omitem os erros dos seus servos. Portanto, a oração feita naquele momento estava desconforme com a vontade de Deus, pois o uso da sorte não é prática Neo-Testamentária.
Outros que admitem Matias como o verdadeiro substituto de Judas, afirmam que coube ao apóstolo Pedro a liderança cristã primitiva, liderança essa que teve, todavia, curta duração. Ora, se esse argumento é verdadeiro, então, somos “crentes – católicos”, pois, Pedro teria sido o primeiro papa uma vez que se a igreja pudesse ser orientada por Deus através de Pedro, antes da descida do Espírito Santo, ele seria o vigário de Cristo na terra como afirma a doutrina católica. Se admitirmos Matias como substituto de Judas, somos “crentes – adventistas”. Os adventistas misturam os princípios da lei com os princípios da graça. Pedro misturou esses dois princípios na escolha de Matias quando utilizou a sorte.
Outra passagem usada por aqueles que defendem que Matias foi o verdadeiro apóstolo que substituiu Judas é, I Cor. 15:5 que diz: “E apareceu a Cefas e, depois, aos doze”. Os defensores advogam: “Se Jesus ao ressuscitar apareceu aos doze, e Judas já tinha dado fim a sua vida, se conclui que os doze eram os onze acompanhados de Matias; assim sendo, Matias, foi o legítimo substituto de Judas”. Diante dessa argumentação fica a pergunta: Se Jesus apareceu aos onze com Matias, porque não escolheu Matias naquela ocasião? Ademais, se Pedro e os demais irmãos sabiam desse encontro, porque ainda fizeram eleição, em vez de reconhecerem logo Matias como apóstolo? Observa-se que no mesmo capítulo no versículo 7 lemos: “Depois foi visto por Tiago, depois, por todos os apóstolos” o que implica dizer que naquele grupo dos doze não estavam presentes todos os apóstolos. Por isso, é dito “apareceu aos doze” (v5) e não aos doze apóstolos. Diante dessa análise, pode-se afirmar que dentre os doze naquele momento somente dez eram apóstolos. Quem era os outros dois? Os outros dois eram os discípulos de Emaús que narravam suas experiências aos dez quando caminhavam de Emaús para Jerusalém (Lc 24: 36-49). Naquela ocasião da aparição de Jesus dita em I Coríntios 15:5, Tomé não estava presente de acordo com João 20: 24. Oito dias depois Jesus, aparece aos onze, desta feita com a presença de Tomé (João 20:26) por isso a Bíblia diz que, depois de ter aparecido aos doze (dez apóstolos mais os dois discípulos de Emaús), apareceu a todos os apóstolos, ou seja, aos onze incluído Tomé.
A manifestação de Jesus a Paulo foi a última a ser registrada “E, por derradeiro de todos, me apareceu também a mim, como a um abortivo” (I Co 15:8). Paulo declara que Jesus lhe apareceu por último no sentido de que foi o autêntico apóstolo porque viu o Senhor pessoalmente e foi comissionado por Ele de acordo com Atos 22:14 para integrar a formação do testemunho inicial de Jesus Cristo constituindo o inicio do alicerce da igreja. Portanto, fica evidente que o Senhor não direcionou aquela sorte usada por Pedro. Pedro seguindo sua impulsividade se precipitou.
O uso da sorte é um mecanismo explorador porque para alguém ganhar, alguém tem de perder. Quando a única maneira em que uma pessoa pode ganhar é quando a outra perde, então o desejo de ganhar virou exploração. A natureza do uso da sorte é: você tem que tirar de um para dar ao outro, tem que fazer muitos perdedores, a fim de levar um a ganhar. O uso da sorte diz que você deve entregar a direção de sua vida ao acaso. Quando uma igreja recorre ao uso da sorte para resolver seu problema econômico, ou para fazer alguma construção ou reforma é um sinal de que essa igreja perdeu a confiança no Jeová-Jiré. Deus cuida da Sua obra e quem deve prover os recursos são os crentes através de seus dízimos e ofertas. Só há uma maneira bíblica de sustentar a obra do Senhor: os dízimos e as ofertas do povo de Deus. Não precisamos de bingos, rifas ou sorteios. Igrejas que se utilizam desses embaraços para arrecadar fundos estão cultuando o “macaco sagrado”. Alguns dizem: “Todo mundo faz”. Ora, nós não somos todo mundo. Somos uma geração chamada para ser separada. Esses pastores têm feito da Bíblia um objeto descartável e por isso adotam os ditames do mundo. Que o Senhor tenha misericórdia!

Ir. Marcos Pinheiro

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

QUANDO SATANÁS VAI À IGREJA

QUANDO SATANÁS VAI À IGREJA

Moisés estava recebendo as instruções, através dos mandamentos divinos, de como deveria ser o culto ao Senhor. Nesse ínterim, aos pés do monte, o povo cultuava um bezerro com alaridos estranhos. Deus disse, então, “Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido” (Ex 32:7). O Senhor não poderia continuar orientando um povo que se corrompeu e que rapidamente passou para “outro deus” e “outro culto”, deixando-se levar por “outro espírito”. Infelizmente está acontecendo o mesmo no meio evangélico. Hoje, há um sistema de culto com alaridos estranhos onde Satanás se faz presente. Satanás consegue penetrar numa igreja tão facilmente através de um pastor liberal quanto através da música. O profano tem tomado conta do lugar santo através de músicas irreverentes incitadas por “outro espírito” que é fruto do “outro evangelho”, ou seja, fruto do evangelho medíocre de Satanás.
O envolvimento da igreja com alaridos estranhos começa com a música. A música é a mola-mestra da apostasia. A igreja é o que ela canta. Se o conhecimento de Deus é real no coração da igreja, a música que ela canta há de expressar esse fato. Se a igreja ignora a essência que fez tremer e fumegar o Monte Sinai, a música não será afinada com o caráter e santidade do Altíssimo. Cantar forró, samba, rock, axé, pagode, funk, rap e outros ritmos irreverentes que estimulam a sensualidade, a perversão sexual, pensamento suicida, a violência, a revolta contra a ordem estabelecida, as drogas, a anarquia é, no mínimo, total falta de “Examinai as Escrituras” (Jo 5:39). Esses ritmos profanos são esgotos de Satanás, pois foram criados para promover imoralidade e até mesmo culto aos demônios, uma vez que vieram dos rituais pagãos de invocação aos demônios. Deixam as pessoas eufóricas em uma autêntica catarse produzindo exatamente aquilo para os quais foram criados: concupiscências carnais e decadência moral. Alguns dizem: “Devemos santificar os ritmos”. Ora, as concupiscências do mundo não podem ser santificadas. Não tem como cristianizar as formas de prazeres que o mundo oferece. Vigiemos para que o pragmatismo com sua sutileza não se enraíze mais ainda no meio evangélico.
Os ritmos profanos, alucinantes e alienantes geram estilos de vida irreverentes. Isso se constata nos chamados shows evangélicos onde prevalecem o forró e companhia Ltda. É muito comum a presença de mocinhas com roupas indecorosas e transparentes, fazendo requebros sensuais e gingados carnais sob os olhares concupiscíveis de “adoradores” extasiados. Mas, o Senhor exorta: “Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me dão nenhum prazer. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos” (Amós 5:21,23). A última expressão pode ser parafraseada assim: “Afasta de mim a batucada dos teus corinhos, porque não ouvirei as melodias da tua bateria e das tuas guitarras”.
Poucos são os pastores que têm preservado os valores do culto bíblico. Querendo agradar a gregos e troianos, rendem-se aos esgotos de Satanás e tentam justificar dizendo: “Temos que quebrar paradigmas, trazer inovações para a nova geração e respeitar a cultura”. Esses mediocrizadores do culto só sabem imitar o que há de pior no mundo. Eles não se santificam e, como conseqüência, tornam-se espiritualmente incapazes de criar um ritmo decente e reverente de louvor a Deus. Nesse contexto, o diabo sente-se à vontade em ir à igreja. Será que esses condutores cegos nunca leram que o mundo jaz do maligno? (I Jo 5:19). Será que nas suas Bíblias não tem Tiago 4:4 “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Os que querem ser amigos do mundo que comam os detritos dos esgotos do diabo, que se alimentem dos ritmos profanos, mas saibam que prestarão conta pela imundícia que têm praticado diante de Deus no santo lugar. Esses líderes, por desvirtuarem algo tão sagrado como o culto, e por pensarem que Deus é um pascácio, colocar-se-ão sob o juízo do Altíssimo. Na verdade esses líderes são Luizgonzagólatras, Ivetesangalólatras, Raulseixasólatras, Johnlennólatras, e por aí vai!
Aqueles que estão fazendo banquetes carnais com os esgotos de Satanás têm argumentos aveludados e aparência de piedade, contudo o seu fim será desastroso, porque quem começa trocando o culto verdadeiro por esterco é porque perdeu todo o bom senso e coerência cristã, e acabará praticando anomalias maiores, amparados pelo falso argumento: “Não tem nada a ver, tudo é cultural”.
O Antigo Testamento apresenta inúmeros exemplos da ira de Deus contra qualquer mistura na adoração a Ele. Nos tempos de Neemias, uma câmara nos pátios da casa de Deus foi dada a Tobias, o amonita, pelo sacerdote corrupto e tolo, Eliasibe. Neemias “lançou todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara” e toda a área foi cuidadosamente purificada (Ne 13: 7-8). Em nossos dias, a mesma purificação é necessária no templo de adoração cristã. Algumas das gloriosas palavras, no final da profecia de Zacarias, falam de modo figurado, sobre o louvor da igreja do Novo Testamento, e dizem que até “as campainhas dos cavalos” portarão as palavras “Santidade ao Senhor” e “as panelas na casa do Senhor” serão tão sagradas como “as bacias diante do altar” (Zc 14:20) . Não penetrará ali nada que seja profano. Se consultarmos o Antigo ou o Novo Testamento, veremos que a pureza e a separação são requeridas no louvor. Deve existir uma clara distinção entre o sagrado e o secular, o espiritual e o mundano. Sempre que a cultura deste mundo representar um viver carnal a igreja deve rejeitá-la. Desse modo, Satanás não irá à igreja.
Em Mateus 26: 30 está escrito: “E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras”. Jesus cantou com os discípulos um hino de louvor. Refletindo sobre a santidade do Senhor Jesus, cabe uma pergunta: Se fosse hoje, diante do que estamos presenciando, que tipo de hino Jesus cantaria numa igreja? Certamente o Santo Cordeiro do Deus Altíssimo cantaria um hino identificado com o seu santo caráter.

Ir. Marcos Pinheiro

terça-feira, 6 de setembro de 2011

IGREJA OU ONG ?

IGREJA OU ONG?

A evangelização e a obra social são partes integrantes, inseparáveis e indispensáveis na missão da igreja do Senhor Jesus. Quando estudamos o Antigo Testamento constatamos os cuidados de Deus com os pobres, os órfãos, as viúvas e os estrangeiros (Lv 23:32, Dt 24: 20-21). Em Provérbio 21:13 diz: “O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre também clamará e não será ouvido”. Isso indica que a própria ação de Deus para conosco, no alívio de nossas necessidades, será um reflexo de nossa ação para com os necessitados que Ele colocar em nossos caminhos. Ou seja, devemos atentar para as necessidades do próximo e supri-las com amor, se quisermos ser ouvidos por Deus quando o clamarmos. Quando discorremos pelo Novo Testamento verificamos que a prática da religião verdadeira é identificada com o coração que se preocupa e age no alívio da necessidade do órfão e da viúva. Em Efésios 2:10 Paulo admoesta dizendo que “Não somos salvos pelas obras, mas fomos criados para as boas obras as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. Em Tito 3:14, Paulo nos ensina que devemos mostrar distinção nas boas obras, a favor dos necessitados, para que não venhamos a nos tornar infrutíferos. Em Efésios 4:28 Paulo ressalta a obra de assistência aos outros, mostrando que um dos propósitos do nosso trabalho é obter condição que nos possibilite ajudar o necessitado: “Aquele que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. Por outro lado, é notório em todo o Novo Testamento que a alta prioridade na vida de Jesus e de seus discípulos era a divulgação das Boas Novas. O Senhor ordenou que as igrejas fossem ativas na esfera espiritual pregando a Palavra aos perdidos e edificando os santos (I Ts 1:8, I Tm 3:15, I Co 11:33-34). O doutrinamento que Paulo deu aos coríntios mostra que um propósito significativo de seus cultos era convencer os incrédulos e edificar os santos (I Co 14: 24-26). No plano de Deus a igreja é um corpo espiritual com uma missão espiritual. Jesus não estabeleceu um clube social ou esportivo, e não deu aos homens o direito de corromper essa missão espiritual de que incumbiu sua igreja. Infelizmente, o interesse neste mundo tornou-se tão forte que algumas igrejas comportam-se mais como organizações sociais do que como Noiva do Cordeiro. Transformaram-se em ONG. Desconcentraram-se do céu e passaram a pensar que podem acabar todos os males sociais de um mundo dominado pelo pecado.
As igrejas do Novo Testamento não eram instituições sociais que tentavam sustentar todo mundo, nem era seu trabalho ganhar poder político. As igrejas do Novo Testamento se dedicavam de corpo e alma a uma missão bem mais sublime: a salvação das almas. Uma vez os judeus perguntaram a Jesus como fariam para executar as obras de Deus (Jo 6:28). A pergunta veio no plural: “obras”. Jesus respondeu com o singular: “A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou (Jo 6:29). A maior obra que alguém pode fazer é crer em Jesus. É o que de mais importante há na vida, porque desta decisão depende toda a eternidade da pessoa.
A Igreja-ONG está ficando cada vez mais forte. Sua bandeira é: “Deus está engajado na luta em favor dos pobres, a Bíblia deve ser lida dessa perspectiva, o evangelho é um protesto contra o escândalo da pobreza e um chamado a erradicá-la da vida humana” (Leonardo Boff). Mergulhada nessa visão muitos pastores transformaram suas igrejas em um centro de assistência social destinado aos carentes. Pregam mais sobre questões sociais do que a Cristo porque pensam que o Evangelho só tem o poder de ser o alívio dos materialmente pobres. Esses líderes trocaram a autêntica mensagem do Evangelho e o fulgor da fé por uma ideologia de transformação meramente social. A regeneração pessoal da alma e o novo nascimento foram substituídos por mensagens sobre reforma da sociedade. Quando tentamos olhar a Bíblia na visão da Igreja - ONG encontramos um oximoro, pois Jesus não fez uma opção pelos pobres. Ele manifestou-se como a graça de Deus que traz salvação a todos os homens: ricos e pobres. Quando estudamos os evangelhos constatamos que Jesus nunca desprezou a ninguém e a ninguém rejeitou. Ele proferiu palavras de fé, esperança e de amor a todos que cruzou o seu caminho, entre os quais havia desde os mais humildes, os mais pobres, como os samaritanos e os leprosos, até os mais elevados, como Nicodemos, Jairo e o comandante romano de Cafarnaum.
É preciso entender que o poder restaurador do Evangelho atinge todas as esferas da vida, inclusive a social. Em todas as partes do mundo, onde o Evangelho foi proclamado e os resultados ceifados, existiram transformações sociais profundas, inclusive, menores índices de pobreza. A Inglaterra experimentou grandes transformações sociais nos avivamentos do século 18. A herança da pregação e a prática dos puritanos, no século 17, nos Estados Unidos da América, geraram menores índices de pobreza e mais justiça social. A Escócia experimentou grandes benefícios sociais quando foi sacudida pelas pregações com lágrimas de John Knox. Os bares fecharam suas portas, os prostíbulos deixaram de existir, os magistrados presenteavam uns aos outros com luvas brancas porque não havia crimes para serem julgados; foram os benefícios experimentados pelo País de Gales em 1904 através da poderosa pregação de Evans Robert. Portanto, não devemos nos esquecer de nossas responsabilidades individuais para com os necessitados, mas a proclamação do Evangelho gera avivamento e o avivamento traz benefícios sociais. A igreja nunca deve esquecer-se de estender sua mão ao materialmente pobre, mas sua paixão deve ser a proclamação do Evangelho. Os benefícios sociais virão quando ocorrer uma transformação espiritual no coração do homem e, isso ocorre com a proclamação do Evangelho. O pastor fundamentalista D.M.Lloyd-Jones disse: “A proclamação do Evangelho tem contribuído mais para a solução dos problemas sociais do que todas as idéias humanísticas”.
As Igrejas - ONGS criam associações para fazerem parcerias com os governos a fim de obterem verbas para construções de creches, casa de recuperação para dependentes químicos, e asilos para velhos. Alguns crentes dizem: “Os católicos e os espíritas se beneficiam das verbas governamentais e nós não podemos ficar de fora”. Ora, o nosso modelo são as Escrituras e não os católicos e espíritas.
Esdras capítulo 3 nos informa que a cidade de Jerusalém estava devastada. Zorobabel foi incumbido por Deus para levantar a cidade. Quando os alicerces do templo foram assentados, um grupo de samaritanos dirigiu-se a Zorobabel oferecendo-se para ajudar na construção do templo “Deixe-nos edificar o templo convosco” (Esdras 4:2). Os samaritanos tinham seus próprios deuses e praticavam um culto pervertido. Zorobabel era um homem de Deus que tinha discernimento e imediatamente retrucou: “Nada tendes conosco na edificação da casa a nosso Deus, nós mesmos, sozinhos, a edificaremos” (Esdras 4:3). Em outras palavras, Zorobabel manteve o nível de separação na edificação da casa do Senhor ao recusar o benefício oferecido pelos ímpios. Precisamos aprender com o avivalista George Müller que conheceu como ninguém, o que é viver vendo o invisível, tocando o intangível e crendo no impossível. Müller construiu em Bristol, na Inglaterra, grandes edifícios para abrigar menores carentes, sem ter que fazer nenhuma parceria com o governo britânico. Todos os recursos ele os obteve através da oração. Na hora certa as janelas do céu abriam-se e todas as necessidades daquelas 3000 crianças eram milagrosamente supridas. Os pastores precisam dizer o que Abraão disse para o rei de Sodoma: “Nada quero de ti, nem um fio, nem uma correia de sandália quero de ti” (Gn 14:23). Os pastores precisam dizer em alto tom: “Estou envolvido numa grande obra de modo que não posso descer” (Ne 6:3)

Ir. Marcos Pinheiro