segunda-feira, 24 de novembro de 2014

E HAJA SOBERBA



                                                     E HAJA SOBERBA

“O maior ganhador de almas desta geração”; “A maior cantora pentecostal do Brasil”; “Nossa igreja é a mais bela e a mais espiritual da cidade”; “Meu pastor é um líder de primeira linha”; “Minha igreja é a mais chique da cidade: tem central de ar-condicionado, poltronas, som de última geração, home theater, cafeteria, salão de jogos”. Expressões como estas estão distantes anos-luz do caráter de Jesus que é manso e humilde de coração. Hoje a síndrome de querer ser grandão perpassa o meio evangélico. Há aqueles que se ensoberbece pelo valor de seu dízimo, outros se envaidecem por ter uma função relevante na denominação, outros por ser membro de uma mega-igreja acham-se mais espiritual do que os outros. A Bíblia deixa claro que os soberbos fazem páreo com Satanás. Basta notar que imediatamente após a crise de soberba de Saul, um espírito maligno se apossou dele. A empáfia de presumir-se grande personagem é atitude de feiticeiro. Referindo-se a Simão a Bíblia registra em Atos 8:9: “E estava ali um homem chamado Simão dizendo que era uma grande personagem”.

A síndrome da soberba tem levado muitas pessoas a pensarem que seguir a Jesus é morar numa casa imponente, dirigir um carro de luxo, fazer turismo em Israel e passar as férias em Miami. Devido à síndrome da soberba a igreja passou a ser uma maneira bacana de passar um tempo, ouvindo coisas legais e recebendo promessas. Ou seja, a igreja não passa de um centro de terapia: “Ponha a mão no ombro da pessoa que está ao seu lado e diga-lhe: Você nasceu para ter sucesso”. Sinceramente, eu busco uma base mínima para esse exercício teatral e não lembro uma só frase em toda a Bíblia desse estilo, desse ato de mimo.

Os mártires do cristianismo não eram soberbos. Morreram por sua fidelidade a Cristo. Hoje, as pessoas querem ser o centro, não querem ser fiéis. Por isso que em muitos púlpitos se pregam o trono do crente na terra e não o chamado de Jesus para uma vida de renúncia e negação de si mesmo. A visão da cruz foi perdida. O negócio é ser figurão, exalar significância e manter a pose. Foi quando Gideão se conscientizou que não era nada que Deus lhe disse: “O Senhor é contigo homem valente”. Foi quando Moisés ficou tão pavorosamente consciente de sua insignificância que o Senhor o usou para guiar o seu povo. Deus usou a boca do profeta Natã para estabelecer seu concerto com Davi – “A tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti, teu trono será firme para sempre” (2 Sm7:12). Davi reconhecendo a sua insignificância própria diz no verso 18: “Quem sou eu, e qual é a minha casa, para que me tenha trazido até aqui?”. Ser significante para Deus é reconhecer a insignificância própria.

A igreja de Corinto havia sido invadida por pessoas soberbas. Paulo destaca isso em 2 Coríntios 10:12 – “ Alguns que se louvam a si mesmos”. O apóstolo discernindo o nível das artimanhas soberbas daquelas pessoas descreve a si mesmo em condições inferior “Temos, porém, este tesouro (a luz do Evangelho) em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4:7). Em 2 Coríntios 10:18, Paulo reforça a necessidade de não sermos soberbos “Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva e sim aquele a quem o Senhor louva”. O puritano George Müller disse certa vez: “Chegou o dia em que morri para George Müller. Morri para tudo que eu era, que tinha, possuía e esperava ser. Morri completamente e absolutamente para George Müller”.

A famigerada “marcha para Jesus” é uma iniciativa diabólica, pois incentiva a soberba. É praxe nessa marcha se ouvir expressões soberbas e fantasiosas instigadas pelos semideuses evangélicos: “Eu declaro”, “Eu determino”, “Eu decreto”, “Eu ordeno”. Os promotores da “marcha para Jesus” são tão soberbos que acham que Deus opera de acordo como eles pensam. Nessa marcha, cria-se uma condição estapafúrdia como parâmetro para o agir de Deus. Dizem os promotores: “Ao marcharmos demarcamos a cidade para Deus”. Quanta interferência na soberania de Deus!

Se você quer ser usado por Deus não sonhe com grandeza. Deseje apenas ser instrumento. Deseje apenas ser servo. Deus está chamando você para sair da perseguição ambiciosa pelo sucesso. É preciso desligar as câmaras e silenciar toda publicidade, todo marketing. É preciso rejeitar o apetite por elogios. É preciso fugir dos lugares de destaque. É preciso repugnar a glória dos homens. Não busque ser celebridade, não busque ser famoso. Pare de fazer marketing de si e de sua igreja. Lembre-se que Deus valoriza os humildes, dá graça aos humildes.

Ir. Marcos Pinheiro