sexta-feira, 6 de julho de 2012

A IGREJA DOS TUXAUAS


                                   A IGREJA DOS TUXAUAS
O conceito de igreja tem sido descaracterizado e está muito confuso nos dias atuais. Muito do que temos como igreja não é igreja. É uma arapuca para extorquir dinheiro dos ingênuos. As pessoas são chamadas para campanhas de “bênçãos”: campanha da espada de Josué, campanha do cajado de Moisés, campanha do manto de Elias, campanha das muralhas de Jericó, campanha do sal grosso vindo do mar morto, campanha da água do rio Jordão, campanha do óleo trazido do Monte das Oliveiras e muitas outras quinquilharias judaizantes. De vez em quando vemos líderes lançando “A Conferência Profética” onde se recebe a “palavra profética”, “a unção profética”, “a bênção profética”, “o ministério profético”. O mais bizarro é que nessa “Conferência” é vendido um kit judaizante e assiste-se a “dança profética”, “o rodopiar profético gideõsito da última hora”, “o rastejar profético valadãoito” e o “sapateado profético felicianoito”. Esquecem os promotores dessa “Conferência” que o concílio que define a separação entre cristianismo e judaísmo se deu cerca do ano 48 depois de Cristo. É triste se ver hoje líderes de igrejas evangélicas resgatando práticas judaicas.
O que é notório na igreja descaracterizada é a prepotência do seu líder. Consideram-se “apóstolos ungidos” e detentor de uma comunhão especial com Deus que os outros não têm. Esses “apóstolos” têm uma capacidade incrível de manipular as pessoas. Trabalham com a pasteurização de seus seguidores, ou seja, levam todos a se adequar em seu modelo. Se alguém não se adéqua é taxado de carnal. Os obreiros passam a ser uma xerox deles. Imitam a voz, os trejeitos e reproduzem os mesmos chavões: “Está amarrado”, “Quem pode dizer amém”, “Olhe para seu irmão ao lado e diga o gigante está derrotado”, e por aí vai. Se o “apóstolo” usa barba, todos querem usar. Há aqueles que por constituição genética não têm pelos no rosto, mas chegam às raias do infantilismo orando pelo “milagre do pelo no rosto”. Se o “apóstolo”, digo melhor, o chefão, usa palitó branco no dia de ceia, seus obreiros também usam. Há uma verdadeira despersonalização das pessoas. Elas querem ser a imagem e semelhança do tuxaua.
No intuito de construir seu império o cacique da igreja descaracterizada declara-se “apóstolo”, “pai de uma multidão”, “pai das nações”. Biblicamente, o termo “apóstolo” tem o sentido de “enviado”, “missionário” (Atos 13:3, 4; 14:4). O termo tem sido usado pelos caciques no sentido de autoridade, mandachuva, chefão, tuxaua. Portanto, desconectado do significado bíblico. Esses líderes persistem em se auto-declarar “apóstolo”, pois se acham revestidos de uma “nova unção” e, na arbitrariedade própria de cacique, levam o rebanhão lhe obedecer às cegas.
A fim de obterem Ibope os tuxauas usando a linguagem verotestamentária nomeiam seus templos de “santuário do Espírito Santo” para dar a impressão de que Deus mora ali. Ora, o Grande Eu Sou não reside em prédios feitos por mãos de homens (Atos 17:24), nem em altares, nem em tribunas, nem em plataforma de igrejas. Essas coisas não são santas. Santas são as pessoas nascidas de novo. O santuário do Espírito são as pessoas convertidas (I Co 3:16) e não cimento, ferro, pedra, madeira, vidro e areia. Ainda na intenção de obter melhor audiência os tuxauas chamam suas igrejas de “hospital de milagres” e irracionalmente dizem: “Aqui o milagre é coisa natural”, “Pare de sofrer”. Ora, se o milagre é coisa natural, já não é milagre, além disso, o sofrer por causa da fé nos identifica com Cristo (I Pe 4:14).
A fome pelo sucesso financeiro é percebível entre esses morubixabas. Baseado erroneamente em 2 Coríntios 11:24, sem nenhum pejo, extrapolam dizendo: “Quem quiser ser abundantemente abençoado oferte 40% menos 1% de sua renda. Outros, de modo empresarial, decidiram que dízimos não serão mais recolhidos durante os cultos, mas devem ser depositados na conta bancária da igreja. Já existe entre os caciques aqueles que cultuam anjos, oram a Miguel, a Gabriel, a serafins e querubins.
Os caciques são autores da “teologia da popularização”, pois transformaram a igreja do Senhor Jesus em um parque de diversões com fast food “espiritual”: gincanas, teatros, shows de humor, balada de Jesus para os pré-adolescentes, baile romântico para os namorados, arraia de Jesus e quejando! A espiritualidade ficou fora de moda. A adoração não é mais um momento de encontro com Deus, confissão, consagração e revisão de valores. Tornou-se vulgar, pois passou a ser entretenimento. O arrependimento, o abandono de pecado a santificação não fazem parte da ordem do dia dos crentes. A verdade é que quando a igreja torna-se populista confunde-se com o mundo e perde a sua identidade.
Na igreja do “apóstolo” o culto é “desinibido”. Orientado pelo “apóstolo”, o chefão dos louvores induz as pessoas erguerem as mãos, fazerem gestos, dançarem e cantar “Chuta, chuta,chuta que é laço”, “Preste a atenção, se liga irmão, sacode, sacode code”, “Posso correr, posso pular porque com Jesus não posso parar, oi, oi, oi”, “Foi, foi, foi bloqueada, foi, foi, foi deletada, ihh Jesus te bloqueou hein!”. Tudo movido ao ion, ion, íon estridente das guitarras. Tudo é ambíguo e vago. A espiritualidade dos cânticos é tão medíocre que a igreja não passa de um grupo de pessoas travestida de cristã. O padrão de um cântico excelente é a apresentação de doutrinas. Um cântico excelente é aquele que tem a capacidade de esclarecer a verdade bíblica.
Enfim, um prédio lotado de pessoas que louvam, ofertam, dizimam e escutam sermões, pode estar abrigando pessoas bem distantes do conceito bíblico de igreja. A igreja não nasceu de um fenômeno antropológico. Não nasceu de uma filosofia comportamentalista. Ela é de origem divina, foi fundada e é edificada pelo Senhor Jesus Cristo! Que Deus tenha misericórdia dos tuxauas!
Ir. Marcos Pinheiro
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