sábado, 3 de junho de 2017

A “TEOLOGIA VINGATIVA”



                                         A “TEOLOGIA VINGATIVA”

O Antigo Testamento parece sustentar as esperanças de que Deus castiga as pessoas que nos ofende. A Lei do Antigo Testamento pedia vingança: “Olho por olho, dente por dente”. A mensagem podia ser resumida assim: “Senhor, tu vistes o que aquela pessoa fez comigo, agora faz justiça com ela”.

Em Êxodo 15:1-18 temos o cântico de Moisés onde se celebra a vitória de Deus no mar vermelho contra o poder do Egito. No verso 9 tem-se o grito furioso dos egípcios: “Perseguirei, alcançarei, repartirei os despojos; arrancarei a minha espada, a minha mão os destruirá”. Nos versos 10 e 15 tem-se o juízo de Deus: “Sopraste com o teu vento, o mar os cobriu; afundaram-se como chumbo; estendeste a tua mão direita; a terra os tragou”. Há pastores que quando leem esses versos dizem do púlpito: “É isso que eu quero que Deus faça com aqueles que me ofendem, destrua-os”. Dizem ainda aos seus ouvintes: “Deus ama tanto vocês que derramará seu juízo sobre as pessoas que lhes ofendem”. 

Vê-se hoje uma pregação maciça no Antigo Testamento. Isto não é ruim em si mesmo. O ruim é que se vê muita pregação no Novo Testamento com este sendo analisado pelo Antigo Testamento. Está havendo uma supremacia do Antigo sobre o Novo não apenas em quantidade, mas como critério de interpretação. O Antigo tem interpretado o Novo e seus pressupostos teológicos têm sido empurrados para a Igreja. Se tentarmos receber conforto na maneira com que o Antigo Testamento trata com as pessoas que nos ofendem, estamos nos colocando sob a escravidão da Lei.

Paulo foi bajulado por hipócritas que depois o insultaram, o ofenderam e o caluniaram. Pessoas invejosas das revelações que Paulo recebia, zombavam dele. Outros o acusavam de malversar o dinheiro. Contudo, Paulo nunca pediu a Deus que os destruíssem. Estevam tinha todo o direito de resistir aqueles que o apedrejavam. Ele poderia apontar o dedo em riste para aqueles líderes religiosos corruptos e dizer: “Vocês não vão ficar impunes no dia do juízo, Deus vai puni-los por esse pecado”. Estevam em vez disso orava: “Senhor, não lhes imputes este pecado”. Miriam se levantou reclamando contra seu irmão Moisés. Ela cometeu pecado punível com a morte. Deus golpeou Miriam com lepra. Moisés, porém, não se alegrou com o sofrimento de sua irmã. Pediu a Deus que a curasse (Nm 12:13).

Nosso poder está quando ajoelhados, intercedemos por aqueles que nos tem ofendidos. Clamar dizendo: “Senhor faz pesar a tua mão sobre meus inimigos” não faz parte da Nova Aliança. A Nova Aliança nos ensina que quando somos injuriados, devemos bendizer; quando perseguidos, devemos sofrer; quando difamados, devemos consolar. Amar e perdoar não são opção. É mandamento. 

Ir. Marcos Pinheiro

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