segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O CRENTE E A POLÍTICA (PARTE I)

O CRENTE E A POLÍTICA


O Governo Teocrático

O primeiro governante humano de um sistema politicamente organizado surgiu na Torre de Babel. De acordo com Gênesis 10:8-10, o primeiro líder político foi Nirode, o princípio do seu reino foi Babel. O pecado desse reino foi a ambição de dominar o mundo e dirigir o seu próprio destino, à parte de Deus, através da união política centralizada. Esse desígnio era fruto do orgulho e rebeldia contra Deus. Deus frustrou o propósito deles, multiplicando idiomas em seu meio, de tal maneira que não podiam comunicar-se entre si (Gn 11:7-8). Isso deu origem à diversidade de raças e idiomas no mundo. Nesse tempo, a raça humana, deixando Deus, voltou-se para a idolatria e a feitiçaria, vivendo na escravidão de Satanás.
Deus vendo a raça humana entregue ao domínio de Satanás decidiu separar um povo para Si – o povo hebreu. Israel era a nação eleita com o propósito de testemunhar o nome do Senhor para os demais povos. O Senhor seria com a nação de Israel para conquistar territórios e mostrar às demais nações a Sua lei e o Seu poder a fim de convertê-los. Assim sendo, o sistema idealizado por Deus para a nação de Israel era o governo teocrático. O próprio Deus seria o Rei da nação de Israel, Ele a governaria. O Senhor escolheria patriarcas, juízes e profetas e, através destes manifestava a Sua soberana vontade e os Seus estatutos. Deus governava através da orientação direta, da revelação especial, da Palavra escrita e por intermédio de dirigentes escolhidos e ungidos. Gideão entendia muito bem isto, pois se recusou a tornar-se rei em Israel ao afirmar que Deus é quem governava o povo “então os homens de Israel disseram a Gideão: domina sobre nós, tanto tu como teu filho e o filho do teu filho; porquanto nos livraste da mão dos midianitas. Porém Gideão lhes disse: sobre vós eu não dominarei, nem tampouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará” (Juízes 8:22-23). Gideão entendia o governo teocrático, ou seja, o povo não deveria ter um governante humano, mas Deus era quem deveria governar.
Em Dt 17:14, lemos: “quando entrares na terra que te dá o Senhor teu Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: porei sobre mim um rei, assim como têm todas as nações que estão em redor de mim”. Em Dt 28:36, lemos: “O Senhor te levará a ti e a teu rei, que tiveres posto sobre ti...”. Nesses versículos, vemos Moisés previu o dia em que Israel ficaria descontente com o governo direto de Deus, ou seja, Moisés previu o dia em que os israelitas diriam “não à teocracia”. Essa profecia se cumpriu em I Samuel 8:5 “constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós”. O povo chegou para Samuel e pediu um rei, um representante político, um governante político à semelhança das nações. Deus considerou o pedido dos israelitas como se eles o tivessem rejeitado como seu rei “e disse o Senhor a Samuel: ouve a voz do povo em tudo me tem rejeitado, para eu não reinar sobre eles” (Samuel 8:7).
Os israelitas pediram um rei humano para que fossem como as outras nações, pondo, assim, sua missão de povo especial de Deus em xeque. O Senhor permitiu que Israel tivesse um rei, não que isso expressasse a Sua vontade, mas para discipliná-los e fazê-los ver o erro de seu pedido.
Quando Israel pediu um governo monárquico, seus reis passaram a assumir o cargo por sucessão hereditária e não mais pela escolha direta de Deus. Como conseqüência, surgiram reinados iníquos e imorais, abomináveis aos olhos de Deus. O primeiro rei que Israel teve foi Saul, um rei mau, e pelo seu governo Deus mostrou que a escolha que fizeram foi em desacordo com a Sua vontade.
Deus permitiu o estabelecimento de um rei e um governo monárquico em Israel por duas razões. Em primeiro lugar para evidenciar a necessidade do reino perfeito de Deus e assim prenunciar Jesus Cristo como o Rei dos reis, em segundo lugar, para ensinar ao seu povo que nenhum sistema de governo solucionará os problemas da nação, nem garantirá paz e segurança. Somente no reinado de Cristo é que reinará a perfeita justiça, e a perfeita paz, a felicidade será a porção de todos. Portanto, é estultícia espiritual dizer que precisamos de um governo teocrático para que os problemas da nação sejam resolvidos. Aliás, o que diz respeito a Israel como nação não pode ser aplicado à igreja, pois na atual dispensação, Israel como nação está desviada de Deus. O povo de Deus não é uma nação, é a igreja, são os crentes espalhados por todo o mundo.
Através da vinda do Senhor Jesus, estabeleceu-se uma nova dispensação e, consequentemente, uma nova visão com respeito à política, isto é, Jesus governa na igreja e não nos reinos políticos, “Ele é o cabeça do corpo, da igreja” (Colossenses 1:18). Somos servos do Reino espiritual de Cristo. Portanto, se estamos na terra na condição de peregrino e temos o Reino de Deus nos nossos corações, não devemos participar de reinos políticos. Vale salientar que o desejo dos israelitas de quererem um rei, um governante político, como as demais nações, é fruto de um coração rebelde. O próprio povo reconheceu sua rebeldia “e todo o povo disse a Samuel: roga pelos teus servos ao Senhor, teu Deus, para que não venhamos a morrer; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este mal, de pedirmos um rei” (I Samuel 12:19). Portanto, aqueles que defendem que a igreja deve ter um representante político, estão na mesma condição de rebeldia. Os que querem um representante político argumentam: “os patriarcas, juízes e profetas eram governadores políticos”. Esse argumento é um engano. Os patriarcas, juízes e profetas não eram governadores nem dominadores políticos, pois todas as vezes que falaram ao povo não demonstravam autoridade de si mesmos, mas diziam ao povo: “Assim diz o Senhor”. Portanto, era desse modo que Deus governava o povo escolhido, os israelitas.
Ir. Marcos Pinheiro

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