segunda-feira, 11 de junho de 2012

EROTISMO NOS LOUVORES


EROTISMO NOS LOUVORES

Um novo estilo de louvor tem invadido as igrejas evangélicas abalando os pilares dos conceitos bíblicos. Vivemos numa época de baixíssimo nível de conhecimento bíblico. A mediocridade é chocante e invadiu as igrejas na área do louvor. O louvor tem sido superficial e mundano. Superficial porque coloca o prazer do adorador em primeiro lugar, e não a satisfação do Senhor. Mundano porque tem trazido o erotismo para o seio da igreja. Não atentando aos avisos escriturísticos a respeito do amor ao mundo, a igreja tem tomado emprestado a música de entretenimento mundano atual, seus instrumentos, ações, ritmos e espetáculos. Durante tempo demasiado a igreja tem pensado que o poder para alcançar os perdidos está num louvor em sintonia com o estilo Hollywood: sensacional e sensual. O adeus aos louvores em espírito e em verdade é definitivo. As músicas só falam em focar a atenção em si mesmo, conseguir bênçãos, milagres, melhorar a situação financeira, coisas do tipo: “há poder em minhas palavras”, “tenho fé em mim mesmo”, “creio em mim mesmo”, “sinto orgulho do que realizei”, “eu consigo isso”, “eu consigo aquilo”. Na verdade a ênfase é a auto-suficiência do pensamento positivo. Louvor não é mais quebrantamento, é elevação da auto-estima.

O louvor moderno tornou-se um cavalo de tróia dentro da igreja, e vem trazendo além do exibicionismo, sensualidade para o seu meio. As letras de alguns corinhos são excessivamente eróticas, repleta de intimidade física como se o nosso Deus Altíssimo fosse um gigolô, um amado amante, um amante lúbrico da membresia: “Eu quero tocar nos cachos dos teus cabelos e beijar os teus pés”, “Meu lindo Jesus, meu amor”, “Jesus minha paixão, o teu perfume me envolve”, “Jesus tem paixão por aqueles que são dele”. Neste contexto, o som da batucada leva o rebanhão a estremecer, pular, gingar o corpo, fazer “sapateado de anjos” e entrar em delírio.

Na visão do “ministrão” de louvores eróticos o mundo precisa ver que a igreja é “legal”, atualizada e acompanha os tempos. Portanto, o que vale é o apelo aos sentidos físicos, nada de promover a santidade. O negócio é satisfazer a necessidade de balanço, de maneios, de se soltar. Louvor é catarse. É forró, funk, samba, axé, rock e companhia Ltda. Neste contexto, o “ministrão” sem nenhum pejo manipula o louvor mandando as pessoas gritar, saltitar, rodopiar e dizer para o irmão do lado: “o gigante vai ser derrotado”, “Deus vai trazer de volta o que é seu”. E, os chavões invertebrados do “ministrão” continuam: “manda chuva, Senhor”, “traz vitória para cá”, “dá propósito para lá”. Uma verdadeira lavagem cerebral.

O verdadeiro louvor é consciência do sagrado e quebrantamento, é uma entrega incondicional. Louvor não é passa-tempo e nem tampouco uma atitude irrefletida, mas sim, a expressão sacrificial de nosso ser a Deus. O louvor bíblico nos leva a descortinar o drama da cruz. Quando a sabedoria da cruz não é entendida o verdadeiro louvor se esvai. Louvor, disse o puritano Stephen Charnock, “é um ato do entendimento aplicando-se ao conhecimento da excelência de Deus”. Deus sempre deve ser para nós o Grande Deus, a quem nos chegamos com reverência e sacrifício de louvor. Se cantarmos uma música banal sem palavras que edificam, estamos insultando a Deus. O Senhor se agrada de hinos sacros e eruditos, cantados em espírito de perfeita adoração e não em espírito de erotismo que leva a igreja a proceder exatamente como ocorre nos shows das casas noturnas mundanas. Louvor que não recorda que somos pecadores e que precisamos nos santificar não é louvor.

Lamentavelmente, na área do louvor, a igreja moderna precipitou-se impetuosamente no declive do secularismo. Não sabe a diferença entre louvor e diversão. Não está disposta a ser desprezada pelo mundo por causa da cruz. A igreja moderna se envergonha do verdadeiro Evangelho. Perdeu a capacidade de salgar. Perdeu o respeito daqueles a quem deseja alcançar com a mensagem de Cristo. A luz se enfraqueceu.

A.W.Tozer disse: “Para que haja louvor verdadeiro, algumas coisas devem ser destruídas, pois possuem elementos que não podem permanecer numa vida agradável a Deus”. Portanto, se quisemos ver a glória de Deus em nossas igrejas devemos eliminar a erotização dos louvores.

Estou convencido de que nossas igrejas não precisam encher-se de mais gente, e, sim, de que as pessoas que nelas estão encham-se do conhecimento de Deus. Quando isso acontecer o erotismo não terá espaço nos louvores. De Gênesis a Apocalipse, a igreja é exortada a permanecer fiel, seguindo o Senhor, com um coração puro, jamais se desviando do caminho estreito!

Ir. Marcos Pinheiro