E
HAJA SOBERBA
“O maior ganhador de almas
desta geração”; “A maior cantora pentecostal do Brasil”; “Nossa igreja é a mais
bela e a mais espiritual da cidade”; “Meu pastor é um líder de primeira linha”;
“Minha igreja é a mais chique da cidade: tem central de ar-condicionado,
poltronas, som de última geração, home theater, cafeteria, salão de jogos”. Expressões
como estas estão distantes anos-luz do caráter de Jesus que é manso e humilde
de coração. Hoje a síndrome de querer ser grandão perpassa o meio evangélico.
Há aqueles que se ensoberbece pelo valor de seu dízimo, outros se envaidecem por
ter uma função relevante na denominação, outros por ser membro de uma
mega-igreja acham-se mais espiritual do que os outros. A Bíblia deixa claro que
os soberbos fazem páreo com Satanás. Basta notar que imediatamente após a crise
de soberba de Saul, um espírito maligno se apossou dele. A empáfia de
presumir-se grande personagem é atitude de feiticeiro. Referindo-se a Simão a
Bíblia registra em Atos 8:9: “E estava ali um homem chamado Simão dizendo que
era uma grande personagem”.
A síndrome da soberba tem
levado muitas pessoas a pensarem que seguir a Jesus é morar numa casa
imponente, dirigir um carro de luxo, fazer turismo em Israel e passar as férias
em Miami. Devido à síndrome da soberba a igreja passou a ser uma maneira bacana
de passar um tempo, ouvindo coisas legais e recebendo promessas. Ou seja, a
igreja não passa de um centro de terapia: “Ponha a mão no ombro da pessoa que
está ao seu lado e diga-lhe: Você nasceu para ter sucesso”. Sinceramente, eu
busco uma base mínima para esse exercício teatral e não lembro uma só frase em
toda a Bíblia desse estilo, desse ato de mimo.
Os mártires do cristianismo
não eram soberbos. Morreram por sua fidelidade a Cristo. Hoje, as pessoas
querem ser o centro, não querem ser fiéis. Por isso que em muitos púlpitos se
pregam o trono do crente na terra e não o chamado de Jesus para uma vida de
renúncia e negação de si mesmo. A visão da cruz foi perdida. O negócio é ser
figurão, exalar significância e manter a pose. Foi quando Gideão se
conscientizou que não era nada que Deus lhe disse: “O Senhor é contigo homem
valente”. Foi quando Moisés ficou tão pavorosamente consciente de sua
insignificância que o Senhor o usou para guiar o seu povo. Deus usou a boca do
profeta Natã para estabelecer seu concerto com Davi – “A tua casa e o teu reino
serão firmados para sempre diante de ti, teu trono será firme para sempre” (2
Sm7:12). Davi reconhecendo a sua insignificância própria diz no verso 18: “Quem
sou eu, e qual é a minha casa, para que me tenha trazido até aqui?”. Ser
significante para Deus é reconhecer a insignificância própria.
A igreja de Corinto havia
sido invadida por pessoas soberbas. Paulo destaca isso em 2 Coríntios 10:12 – “
Alguns que se louvam a si mesmos”. O apóstolo discernindo o nível das
artimanhas soberbas daquelas pessoas descreve a si mesmo em condições inferior
“Temos, porém, este tesouro (a luz do Evangelho) em vaso de barro, para que a
excelência do poder seja de Deus e não de nós” (2 Co 4:7). Em 2 Coríntios 10:18,
Paulo reforça a necessidade de não sermos soberbos “Porque não é aprovado quem
a si mesmo se louva e sim aquele a quem o Senhor louva”. O puritano George
Müller disse certa vez: “Chegou o dia em que morri para George Müller. Morri
para tudo que eu era, que tinha, possuía e esperava ser. Morri completamente e
absolutamente para George Müller”.
A famigerada “marcha para
Jesus” é uma iniciativa diabólica, pois incentiva a soberba. É praxe nessa
marcha se ouvir expressões soberbas e fantasiosas instigadas pelos semideuses
evangélicos: “Eu declaro”, “Eu determino”, “Eu decreto”, “Eu ordeno”. Os
promotores da “marcha para Jesus” são tão soberbos que acham que Deus opera de
acordo como eles pensam. Nessa marcha, cria-se uma condição estapafúrdia como
parâmetro para o agir de Deus. Dizem os promotores: “Ao marcharmos demarcamos a
cidade para Deus”. Quanta interferência na soberania de Deus!
Se você quer ser usado por
Deus não sonhe com grandeza. Deseje apenas ser instrumento. Deseje apenas ser
servo. Deus está chamando você para sair da perseguição ambiciosa pelo sucesso.
É preciso desligar as câmaras e silenciar toda publicidade, todo marketing. É
preciso rejeitar o apetite por elogios. É preciso fugir dos lugares de
destaque. É preciso repugnar a glória dos homens. Não busque ser celebridade,
não busque ser famoso. Pare de fazer marketing de si e de sua igreja. Lembre-se
que Deus valoriza os humildes, dá graça aos humildes.
Ir. Marcos Pinheiro