sábado, 21 de abril de 2012

A IGREJA PLAYGROUND

A IGREJA PLAYGROUND

Uma nuvem de novidades tem invadido o ambiente da igreja o que nos dá a convicção de que não é o Espírito Santo que está agindo dentro dela, mas o “outro espírito”. A igreja nos dias atuais se transformou num playground. Na verdade, é uma casa de diversões que caiu sob a influência do mundo, em vez de influenciá-lo. O mundo nem mesmo pode condená-la, porque ela é igual ao mundo. A grande meta dos pastores da igreja playground é lotar a igreja, pois igreja cheia é prestígio na comunidade evangélica e muito mamon na conta bancária. Se removermos do culto a gaiatice, o forró, o samba, o funk, o rock, a coreografia sensual, o balé, as festanças e as apresentações dos “artistas”, a igreja playground ficará vazia, pois o rebanhão não gosta da Palavra de Deus. Na igreja playground, por prevalecer o bum da diversão, as doutrinas bíblicas foram diluídas e a intimidade com Deus foi à bancarrota.

Na igreja Playground tudo é dirigido para garantir a “posse da benção”. A ordem e a decência são substituídas pelo atrativo das multidões, pela manipulação e pela hipnose de massa. A igreja apresenta-se como um remédio milagroso capaz de aliviar dores, angústias e depressões. Neste contexto, seus líderes se utilizam dos lixos psicoterápicos de Freud, Carl Jung, Fritz Perls, Alfred Adler e tantos outros que carregavam nas veias o ódio fanático ao cristianismo. Os pastores da igreja playground desconhecem o andar com Deus em intimidade, pois são “MBA’s da fé”. Eles são especialistas em estratégias de marketing, em fazer a igreja crescer em números, não em intimidade com o Senhor. Além disso, são vendedores de “bênçãos”, politiqueiros carnais, e falam mentiras para acalentar o ego de seus ouvintes. A triste conseqüência é que na igreja playground dificilmente alguém se converte com arrependimento de pecado conforme os padrões bíblicos.

Os líderes da igreja playground estão muito mais para manipuladores do que para ministros da graça de Deus. São “legais”, pois em nome do “politicamente correto” não desagradam a ninguém. Buscam unidade com todos, demonstrando tolerância com as esquisitices doutrinárias, desculpando tal procedimento pelo uso da palavra “amor”. Apresentam-se engravatados, com paletó de grife, verdadeiros janotas, pregando felicidade, saúde e prosperidade material. Quando estão pregando, “línguas estranhas” estão sempre presentes nos seus lábios para passar ao povo a impressão de que são espirituais. Os pastores playground estão atolados até o pescoço na doutrina do triunfalismo. Têm o “dom” da exibição, querem está em evidência, querem ser grandões. Ou seja, estão acometidos da doença “importantite”. Quanta diferença dos apóstolos e líderes da igreja primitiva que tanto batalharam pela fé! O Senhor Jesus falando de si mesmo disse: “O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos” (Mc 10:45). Jesus nunca lutou por títulos, por triunfo nem se esforçou para manipular as pessoas. Ele as conquistou por que as serviu.

Quando os pastores playground falam de Abraão dão ênfase às suas riquezas e não a intimidade que ele tinha com o Senhor. Em Isaías 41:8 o próprio Deus descreveu o seu relacionamento com Abraão: “Mas tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi semente de Abraão, meu amigo”. O Novo Testamento nos diz semelhantemente: “Abraão creu em Deus e foi chamado de amigo de Deus” (Tg 2:23). Em hebraico a palavra usada para “amigo” quer dizer “afeição” – “Abraão meu afeiçoado”. No grego a palavra que Tiago usa para “amigo” significa “Aliado querido” – “Abraão foi chamado aliado querido de Deus”. Isso não é ressaltado pelos líderes playground.

Quando os líderes playground falam de Enoque ressaltam o trasladamento, enfatizam a glória do trasladamento. A questão não é o trasladamento, mas sim, que Enoque andou com Deus. Enoque nunca realizou um milagre, nunca desenvolveu uma teologia profunda, nunca fez grandes obras que merecessem menção nas Escrituras. O que sabemos da vida de Enoque é que ele andou com Deus (Gn 5:24). Foi a sua intimidade com o Senhor que o fez um gigante da fé. Isso não é enfatizado pelos brincalhões do Evangelho. Certa vez perguntaram a George Müller qual o segredo que leva Deus operar tantos milagres em resposta às suas orações. Ele respondeu: “Não há segredo, há um mandamento a cumprir – conhecer a Deus em intimidade”. Na igreja playground, intimidade com Deus nem pensar. O atributo mais importante na igreja playground não é a semelhança a Cristo, são os talentos. Cristo deixou de ser a motivação central e fundamental na vida da membresia da igreja. O triste resultado é um povo sem identificação com o Supremo Pastor.

Os incrédulos não necessitam da igreja playground a qual prega sermões divertidos proclamando que Deus eleva a auto-estima, reduz o estresse e cura o “eu interior”. O que os incrédulos carecem de verdade é da Verdade imutável, inerrante e convincente que conduz ao arrependimento e à salvação.

A igreja do Senhor não é salão de alaridos. Ela é a menina dos olhos do Senhor, é a casa do Deus vivo, é coluna e baluarte da verdade, é pérola de grande preço. Deus não terá por inocente aquele que trata levianamente a noiva de seu Filho transformando-a num playground. A Bíblia alerta que o julgamento vai começar pela casa de Deus (I Pe 4:17). Oremos pelas igrejas playground para que se arrependam e voltem à prática das primeiras obras! À semelhança do pai do filho pródigo, Deus anseia por abraçar pecadores arrependidos.

Ir. Marcos Pinheiro

sexta-feira, 6 de abril de 2012

E TOME APLAUSOS...

E TOME APLAUSOS...

A glorificação do homem é notória nas igrejas evangélicas, principalmente durante o culto. O líder falou: aplausos. O coral se apresentou: aplausos. A banda tocou: aplausos. Um testemunho: aplausos. Para os visitantes: aplausos. Junto aos aplausos, assobios, gritos e vem abaixo a adoração “em espírito e em verdade”. Enfim, as expressões de adoração a Deus no culto foram substituídas por ovações ao homem. Muitos pregadores assemelham-se mais a personagens de uma peça teatral do que arautos do Evangelho. Vivem de buscar aplausos e reconhecimento de homens. O maior desejo deles não é ver Jesus salvando pecadores, mas sim divulgar seu ministério e sua pessoa. As igrejas desses líderes têm sua base construída sobre a opinião pública e sobre as últimas técnicas mercadológicas. Neste contexto, o Evangelho se torna trivial, perde sua profundidade e Deus se transforma em um produto a ser vendido. O que resta são doses de conjecturas, discurso ensaiado, muito blá, blá, blá, aplausos, aplausos e aplausos. Dizem que os aplausos são para Jesus quando lá no fundo se sabe que é para engordar o ego dos “artistas” da igreja.

Charles Spurgeon pontificou: “haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos?”. Crisóstomo, conhecido pela sua inflamada pregação, era interrompido muitas vezes pelos seus ouvintes por aplausos. Mas, este homem de Deus censurava este tipo de glória ao homem. Não era incomum ouvi-lo dizer aos ouvintes: “O que é isto, um teatro? Por que vocês interrompem a minha pregação com aplausos? Antes façam o que digo ao invés de me aplaudirem por tê-lo dito”. O avivalista George Müller disse: “Chegou o dia em que morri para George Müller, morri para tudo que eu era, que tinha, possuía e esperava ser, morri completamente e absolutamente para George Müller”. Na verdade não existe qualquer precedente bíblico que justifique aplausos para o pregador ou o cantor. Isso apenas incha a carne. Jesus era absolutamente despreocupado consigo mesmo. Sua preocupação maior era ser servo. É difícil imaginar Paulo, Silas, Barnabé, Pedro, Apolo, Felipe ou Estevão pregando o Evangelho e recebendo uma linda salva de palmas do povo. Os profetas não foram aplaudidos. Foram perseguidos, repudiados e maltratados. A mensagem dos profetas não consistia de frases elaboradas para animar a torcida; não consistia de um agito emocional e nem de falatório diplomático. Eles expunham a espada da pureza e da justiça o que gerou entre os seus ouvintes rejeição, escárnio e não aplausos.

Para muitos a boa pregação é aquela que é intercalada com aplausos por parte dos ouvintes. Quando Estevão pregou não foi aplaudido pelo povo, pelo contrário, seus ouvintes lançaram pedras contra ele. Na Itália, no século XV, um homem chamado Jerônimo Savanarola foi um dos maiores pregadores e reformadores que o mundo já conheceu. Denunciava os pecados do povo e a corrupção da igreja daquela época. Sua pregação era como a voz de um trovão, e sua condenação do pecado era tão terrível que seus ouvintes saíam pelas ruas, estonteados e sem fala. Sua congregação estava quase sempre em lágrimas, e todo o prédio ressoava com seus gemidos e choros. O povo não conseguia aceitar este tipo de pregação, por isso, em vez de se arrepender, queimou-o na fogueira. Martírios, e não aplausos aconteceram com os discípulos: André insistiu em pregar e mandaram crucificá-lo. De acordo com a tradição, ele foi amarrado com cordas a uma cruz para que a morte pudesse ser lenta. Pedro, depois de passar nove meses na prisão, foi crucificado de cabeça para baixo. Paulo foi decapitado por Nero. Tiago, Mateus, Matias, Bartolomeu e Tomé foram martirizados, assim como todos os discípulos, com exceção de João, que morreu sozinho, exilado na ilha de Patmos.

O pregador que nunca quer deixar de ser aplaudido pelo povo, basta aceitar a ética e a conduta do mundo. Basta não mencionar a palavra inferno em sua pregação, não dizer às pessoas que elas são pecadoras, e que sem Jesus elas estão perdidas e condenadas à morte. Quem quiser ser sempre ovacionado pregue sobre vitória financeira, auto-estima, saúde psico-corporal e promova um culto visceral, tolo, sintético, psicodélico e marqueteiro. Venda fórmulas mágicas travestidas de princípios bíblicos. Hipnotize os ouvintes com a mentalidade hedonista. Faça-os enxergar as luzes do palco e não a luz de Cristo. Faça-os escutarem o delírio da multidão histérica e não a voz de Deus. Desse modo, você será sempre aplaudido e estará no topo.

O cristianismo moderno fala muito pouco do conceito de esvaziar-se. Fala-se muito sobre como ter sucesso, como ser rico, como conquistar a vitória, como ser cheio disto e daquilo, mas pouco se ouve falar sobre como esvaziar-se ou como se tornar um nada ou como se tornar um zé-ninguém. Para sermos úteis para Deus precisamos estar vazios de nós mesmos. É preciso reconhecer que somos impotentes por nós mesmos. O problema de muitos líderes é que não querem ser “lixo e escória”, por isso adoram aplausos. Em Lucas 6:26, o Senhor Jesus disse: “Ai de vós, quando todos vos louvarem!”. Isso significa que quando somos aceitos por todos estamos mascarando o cristianismo. Se não experimentamos qualquer perseguição em nossa vida há alguma coisa seriamente errada e precisamos rever nossa declaração de que somos cristãos. Um cristão dos tempos primitivos, Aristides, cognominado de o Justo, não recebeu aplausos do povo. Pelo contrário, Aristides foi expulso da cidade de Atenas. Os cidadãos votaram sua expulsão. Um deles disse que votou contra esse bom homem “porque estava cansado de ouvi-lo sempre ser chamado de “o Justo”. Quanta diferença dos super-pregadores de hoje!

Precisamos de profetas que denunciem o pecado coletivo da adoração ao homem. Creio que se os pregadores de nossa cultura fossem mais confrontadores sobre suas convicções e vivessem de maneira santa e irrepreensível não receberiam tanto aplausos. O problema é que muitos pastores têm transformado a igreja do Senhor Jesus num playground onde se exercita o “dom” de rodopiar, o “dom” de bailar, o “dom” de rugir, o “dom” de engatinhar e, pasmem, o “dom” de enganar. Neste contexto, tome aplausos!

Uma coisa é certa: muitos pregadores que estão inchados com as ovações humanas e que tem feito da igreja do Senhor Jesus um Shopping - Center da fé hão de se decepcionar naquele grande Dia. Chega de aplausos ao homem, chega de glamour!

Ir. Marcos Pinheiro