A IGREJA DOS TUXAUAS
O conceito de igreja tem sido
descaracterizado e está muito confuso nos dias atuais. Muito do que temos como
igreja não é igreja. É uma arapuca para extorquir dinheiro dos ingênuos. As
pessoas são chamadas para campanhas de “bênçãos”: campanha da espada de Josué,
campanha do cajado de Moisés, campanha do manto de Elias, campanha das muralhas
de Jericó, campanha do sal grosso vindo do mar morto, campanha da água do rio
Jordão, campanha do óleo trazido do Monte das Oliveiras e muitas outras
quinquilharias judaizantes. De vez em quando vemos líderes lançando “A
Conferência Profética” onde se recebe a “palavra profética”, “a unção
profética”, “a bênção profética”, “o ministério profético”. O mais bizarro é que
nessa “Conferência” é vendido um kit judaizante e assiste-se a “dança
profética”, “o rodopiar profético gideõsito da última hora”, “o rastejar
profético valadãoito” e o “sapateado profético felicianoito”. Esquecem os
promotores dessa “Conferência” que o concílio que define a separação entre
cristianismo e judaísmo se deu cerca do ano 48 depois de Cristo. É triste se
ver hoje líderes de igrejas evangélicas resgatando práticas judaicas.
O que é notório na igreja
descaracterizada é a prepotência do seu líder. Consideram-se “apóstolos ungidos”
e detentor de uma comunhão especial com Deus que os outros não têm. Esses
“apóstolos” têm uma capacidade incrível de manipular as pessoas. Trabalham com
a pasteurização de seus seguidores, ou seja, levam todos a se adequar em seu
modelo. Se alguém não se adéqua é taxado de carnal. Os obreiros passam a ser
uma xerox deles. Imitam a voz, os trejeitos e reproduzem os mesmos chavões:
“Está amarrado”, “Quem pode dizer amém”, “Olhe para seu irmão ao lado e diga o
gigante está derrotado”, e por aí vai. Se o “apóstolo” usa barba, todos querem
usar. Há aqueles que por constituição genética não têm pelos no rosto, mas
chegam às raias do infantilismo orando pelo “milagre do pelo no rosto”. Se o
“apóstolo”, digo melhor, o chefão, usa palitó branco no dia de ceia, seus
obreiros também usam. Há uma verdadeira despersonalização das pessoas. Elas
querem ser a imagem e semelhança do tuxaua.
No intuito de construir seu
império o cacique da igreja descaracterizada declara-se “apóstolo”, “pai de uma
multidão”, “pai das nações”. Biblicamente, o termo “apóstolo” tem o sentido de
“enviado”, “missionário” (Atos 13:3, 4; 14:4). O termo tem sido usado pelos
caciques no sentido de autoridade, mandachuva, chefão, tuxaua. Portanto, desconectado
do significado bíblico. Esses líderes persistem em se auto-declarar “apóstolo”,
pois se acham revestidos de uma “nova unção” e, na arbitrariedade própria de
cacique, levam o rebanhão lhe obedecer às cegas.
A fim de obterem Ibope os
tuxauas usando a linguagem verotestamentária nomeiam seus templos de “santuário
do Espírito Santo” para dar a impressão de que Deus mora ali. Ora, o Grande Eu
Sou não reside em prédios feitos por mãos de homens (Atos 17:24), nem em
altares, nem em tribunas, nem em plataforma de igrejas. Essas coisas não são
santas. Santas são as pessoas nascidas de novo. O santuário do Espírito são as
pessoas convertidas (I Co 3:16) e não cimento, ferro, pedra, madeira, vidro e
areia. Ainda na intenção de obter melhor audiência os tuxauas chamam suas igrejas
de “hospital de milagres” e irracionalmente dizem: “Aqui o milagre é coisa
natural”, “Pare de sofrer”. Ora, se o milagre é coisa natural, já não é
milagre, além disso, o sofrer por causa da fé nos identifica com Cristo (I Pe
4:14).
A fome pelo sucesso financeiro
é percebível entre esses morubixabas. Baseado erroneamente em 2 Coríntios 11:24,
sem nenhum pejo, extrapolam dizendo: “Quem quiser ser abundantemente abençoado
oferte 40% menos 1% de sua renda. Outros, de modo empresarial, decidiram que
dízimos não serão mais recolhidos durante os cultos, mas devem ser depositados
na conta bancária da igreja. Já existe entre os caciques aqueles que cultuam
anjos, oram a Miguel, a Gabriel, a serafins e querubins.
Os caciques são autores da
“teologia da popularização”, pois transformaram a igreja do Senhor Jesus em um
parque de diversões com fast food “espiritual”: gincanas, teatros, shows de
humor, balada de Jesus para os pré-adolescentes, baile romântico para os
namorados, arraia de Jesus e quejando! A espiritualidade ficou fora de moda. A
adoração não é mais um momento de encontro com Deus, confissão, consagração e
revisão de valores. Tornou-se vulgar, pois passou a ser entretenimento. O
arrependimento, o abandono de pecado a santificação não fazem parte da ordem do
dia dos crentes. A verdade é que quando a igreja torna-se populista confunde-se
com o mundo e perde a sua identidade.
Na igreja do “apóstolo” o culto
é “desinibido”. Orientado pelo “apóstolo”, o chefão dos louvores induz as
pessoas erguerem as mãos, fazerem gestos, dançarem e cantar “Chuta, chuta,chuta
que é laço”, “Preste a atenção, se liga irmão, sacode, sacode code”, “Posso
correr, posso pular porque com Jesus não posso parar, oi, oi, oi”, “Foi, foi,
foi bloqueada, foi, foi, foi deletada, ihh Jesus te bloqueou hein!”. Tudo
movido ao ion, ion, íon estridente das guitarras. Tudo é ambíguo e vago. A
espiritualidade dos cânticos é tão medíocre que a igreja não passa de um grupo
de pessoas travestida de cristã. O padrão de um cântico excelente é a apresentação
de doutrinas. Um cântico excelente é aquele que tem a capacidade de esclarecer
a verdade bíblica.
Enfim, um prédio lotado de
pessoas que louvam, ofertam, dizimam e escutam sermões, pode estar abrigando
pessoas bem distantes do conceito bíblico de igreja. A igreja não nasceu de um
fenômeno antropológico. Não nasceu de uma filosofia comportamentalista. Ela é
de origem divina, foi fundada e é edificada pelo Senhor Jesus Cristo! Que Deus
tenha misericórdia dos tuxauas!
Ir. Marcos Pinheiro
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