terça-feira, 21 de junho de 2016

DEUS NÃO RECEBE PROPINA



                           


                                  DEUS NÃO RECEBE PROPINA

Pastores réprobos apelam para o emocional dos crentes. Sacolejam a alma dos incautos através da manipulação maligna do tipo: “Precisamos terminar a construção do nosso lindo templo, faça um voto financeiro para Deus que ele te recompensará”. Na sua insanidade espiritual, dizem ainda: “O voto constrange Deus e o impulsiona a liberar a bênção”. Isso é estelionato, é prática criminosa, é fraude, é charlatanismo. É tentativa de pagar propina a Deus.

Na verdade, o voto é uma tentativa explicita de barganhar com Deus, pois a pessoa faz um juramento assumindo o compromisso de fazer algo para a obra de Deus. A pessoa recebe para depois pagar, o que caracteriza a propina. O voto sempre tem uma expectativa de retribuição, de retorno, ou seja: “Darei isso na esperança que Deus me conceda aquilo”. Esse ato demonstra uma visão da relação com Deus como uma relação comercial, uma relação no ambiente de negócios, uma relação ganha-ganha. Ninguém perde, todos ganham. O Deus-patrão ganha e o crente-consumidor ganha também. Juntos, Deus e o crente se ajudam mutuamente. Que absurdo!

É preciso entender que os judeus entendiam que ao cumprirem suas obrigações para com Deus, o Senhor em troca, concedia-lhes benefícios; caso contrário, eram castigados. Para os judeus, Deus abençoava a fidelidade e castigava a desobediência. Deus abençoava os sacrifícios corretos e castigava quem não os fazia. Houve consequências danosas para os judeus que faziam votos e não os cumpriam. Porém, com a vinda de Jesus inaugurou-se uma nova dispensação onde a relação com Deus deixou de ser por méritos ou por atos. Não existe nada que o homem possa fazer para merecer as bênçãos de Deus e se fosse merecer, receberia somente condenação, pois o melhor do homem é pecado. A relação do homem com Deus depende exclusivamente do que Cristo fez no calvário. Portanto, votos não é um ensino aplicável na vida cristã hoje. Tudo que recebemos é sem merecimento, é por graça, somente por graça, é dádiva. Quando alguém Justifica a prática do voto usando como exemplo Ana, Jacó e Jefté está judaizando o cristianismo. Nosso padrão não são os judeus, mas a Nova Aliança.

Alguns líderes para defender a prática do voto nos dias atuais advogam que Paulo fez voto – “tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto” (At 18:18). Dizem ainda que Paulo em Atos 21:23 - 27 se submeteu à prática do voto juntamente com outros judeus. É necessário entendermos que Paulo sabia que as cerimônias judaicas não salvava ninguém. Paulo fez essa concessão orientada pelos anciãos judaicos porque ele estava sendo considerado pelos judeus como uma pessoa não agradável, não querida, não bem-vinda, devido o seu discurso da salvação sem os ritos e costumes da lei. Paulo cedeu à prática do voto a fim de ganhar os fracos na fé, por isso ele ressalta em I Coríntios 9:20: “tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, tornei-me como se estivesse sujeito à lei, embora eu mesmo não esteja debaixo da lei, a fim de ganhar os que estão debaixo da lei.” O apóstolo cedeu exatamente porque o rito do voto indicava “consagração”. Não tinha o sentido de troca com Deus.

Jesus ensinou em Mateus 5  que a palavra do crente deve ser suficiente sem fazer juramentos, votos. Quando o crente disser “sim” ou “não”, isso seja a verdade. O voto é a ignorância em relação ao sentido da cruz. É a manifestação de uma ansiedade em troca de uma bênção. Jesus ordenou a não andarmos ansiosos com coisa alguma. Ele reprova a falta de fé no cuidado e no amor paternais de Deus (Mat. 6:25-34). Se sabemos que o Senhor está no controle e que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, não há necessidade de se fazer votos. Ao fazê-los, mostramos falta de confiança nEle. Portanto, campanha, corrente, sacrifício, peregrinação ou voto, são tentativas de pagar propina a Deus, tentando comprar uma bênção.

Há líderes com cabeça de ovelha e patas de lobo. Há oportunistas entre nós. E pessoas que não entendem nada. Por isso, precisamos voltar às origens. Voltar ao início do cristianismo e da Reforma, recuperando a essência do Evangelho. A prática do voto é a judaização do Evangelho e a catolização do crente. Não estou tecendo uma colcha de retalhos. A judaização do Evangelho e catolização do crente são produtos de uma hermenêutica defeituosa, que não compreende as distinções entre o Novo e o Antigo, Testamentos. Que os crentes se livrem da propina ao divino, o voto.

Ir. Marcos Pinheiro

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