ORAÇÕES ESPALHAFATOSAS: ESCARCÉU NA MÍDIA
Orações teatrais, antropocêntricas,
espalhafatosas e com tintura bíblica são comuns no meio evangélico brasileiro. Muitos
pastores perderam o entendimento de quem é Deus. Na pirotecnia “espiritual” os
gurus da prosperidade vivem fazendo orações de “determinação” do tipo “Eu
declaro”. Torcem a bel-prazer o significado de Mateus 18:18: “Tudo o
que ligardes na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na
terra terá sido desligado nos céus” para satisfazer seu gosto peculiar
desprovido de hermenêutica correta.
O centro do ensino de todo o capítulo 18 de Mateus
é sobre instruções como lidar com o pecado na assembleia dos salvos. Quando é
dito “dois dentre vós concordarem” (v19) refere-se a como lidar com um membro
da igreja que pecou. Nunca se refere a orações para expulsar demônios, curar
enfermos ou declarar prosperidade material. Jesus não está ensinando como se
obter respostas a orações.
Jesus ressalta que se um membro que pecou não
deseja se arrepender após uma confrontação em particular, após uma segunda
acareação na presença de uma ou duas testemunhas e após uma repreensão frente a
frente com a comunidade inteira deverá ser tratado como gentio e publicano (Mt
18:17). Nesse contexto, “ligar” e “desligar” tem a conotação de que a igreja
tem autoridade para exercer a disciplina.
A igreja deve fazer na terra aquilo que Deus já
determinou no céu. O homem não determina nada, não decreta nada, não declara
nada. A igreja só permite (liga) o que já foi permitido (ligado) por Deus, e só
proíbe (desliga) o que já foi proibido por Deus. Quando alguém que já faz parte
do Reino de Deus faz algo que foi proibido (desligado) por Deus, a igreja
precisa tomar uma atitude disciplinar em relação a este remido caso ele não se
arrependa. Quando há arrependimento, por parte do remido, a igreja o permite, o
liga.
Os gurus da prosperidade buscam pirotecnia porque é
mais fácil fazer uma “oração poderosa” aos gritos decretando vitória do que
dobrar os joelhos em busca de santidade e estudar a Bíblia para ter coerência
teológica. Nesse enfoque, o poder não está em Deus está na “oração forte” do
guru. O foco é o agir do homem. O homem produz o agir de Deus.
A ideia de atribuir poderes mágicos de “ligar” e
“desligar” é produto do orientalismo que invadiu a igreja com o movimento Nova
Era. “Ligar” e “desligar” no sentido que os gurus da prosperidade dão em Mateus
18:18 nada mais é que o velho paganismo.
Orações pomposas eivadas de pirotecnia estão
produzindo uma geração de crentes que não encaram o caminho estreito, nem a
renúncia, nem a mortificação diária do eu, mas buscam artificialidades.
Os gurus da prosperidade são especialistas em fazer
escarcéu na mídia. São indigentes mentais. Fujamos deles!
Ir. Marcos Pinheiro
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