A
IGREJA CHUCHU
O chuchu faz com que os pratos
rendam, porque assimila o gosto daquilo com que foi misturado. Assim, o chuchu
aumenta a quantidade da comida. Há muitas igrejas chuchu. Assimilou o sabor da
cultura decaída. Como o chuchu, tomou o gosto do mundo. Perdeu o sabor próprio
do Evangelho. Por isso, estão superlotadas de incrédulos sendo tratados como
crentes.
A igreja chuchu tem sido um problema
sério para o Reino de Deus. Sua ausência de autoridade espiritual desacredita o
Evangelho. Ninguém a leva a sério. Nem ela mesma. Nem o seu pastor. A igreja
chuchu está afogada na instabilidade emocional. Perdeu sua sensaboria
espiritual. Sabe que não é autêntica. Usa um disfarce de santidade e fervor.
Por ter perdido sua identidade, seu rebanho vive espiritualmente derrotado.
Jesus declarou: “Vós sois o sal da terra”. Não disse: “Vós sois o chuchu da
terra”.
Muitas igrejas tornaram-se chuchu
porque seus pastores
partiram do pressuposto, equivocado, de que igreja é uma instituição
sociológica. A igreja tem caráter sobrenatural porque sua origem é divina. Não
é uma ONG. Não é um clube nem é uma casa de show. A igreja vista como uma
instituição sociológica é uma catástrofe, pois forçosamente deixará de ver as pessoas
como pecadoras. O pecado passa a ser doença, desajuste, outra coisa qualquer,
exceto pecado.
Devido a sua fraqueza espiritual a igreja chuchu
colocou o foco do culto no homem. Não se ouve falar da salvação pela graça por
meio da fé. Não se ouve falar sobre o juízo final, sobre santidade, sobre a
volta do Senhor. O negócio é triunfar sobre os infortúnios da vida. Glorificar a Deus passou a ser esgoelar-se no
culto. “Glorifica mais alto, irmão!”, “Coloque a mão no seu coração e exploda”.
É o pedido do animador do culto.
Na igreja chuchu glorificar a Deus é espancar a
bateria e cantar música com letra erótica do tipo: “O céu se une a terra como
um beijo apaixonado”. A exaltação ao Senhor é trocada pelo louvor do ego:
“Remove a minha pedra, me chama pelo nome, muda a minha história, ressuscita os meus sonhos, transforma a minha vida, me faz um milagre, me
toca nessa hora, me chama para fora,
ressuscita-me”. É muito “me”, “me”, “me”, “minha”, “minha”, “meu”.
Se pudéssemos pesar numa balança o conteúdo
teológico dos corinhos que cantamos não dá o peso de uma agulha: “Mergulhar em
teus rios”, “Voar nas asas do espírito”. O povo quer tomar banho e voar. Quanta
mistificação da fé! A fé é transformada em aspirações esotéricas irrealizáveis.
A intimidade com Deus se torna semelhante a alucinações místicas.
Na igreja chuchu, aculturada sociologicamente, a
liturgia é agitada e o sermão também. O pregador, entre uma frase e outra, fala
em línguas estranhas para dar um sabor de espiritualidade à plateia. Pula,
grita e se remexe continuamente para levar o povo à catarse. Os sentidos
sobrepujam a razão. Nesse contexto, o culto mexe com os pés e os braços. Não
mexe o coração.
Os pastores das igrejas chuchus esqueceram que há
no Novo Testamento muitos mandamentos exortando o uso da razão. Paulo fala do
culto racional. Portanto, a igreja não é um ajuntamento social onde se estimula
o emocionalismo. A sua saúde e o seu vigor dependem de sua fixação sobre o
Cristo crucificado e ressuscitado.
Tenho dito,
Irmão Marcos Pinheiro
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