CARTA
ABERTA À ORDEM DOS PASTORES EVANGÉLICOS DO ESTADO DO CEARÁ - ORMECE
Pastores da Ormece, meus
pêsames!
Meus pêsames pela falta de
discernimento e pela visão tupiniquim e medíocre de vocês. Vocês se reuniram
para anunciar apoio a um dos candidatos ao governo do Estado do Ceará. A Ormece
apresentou ao candidato suas ideias para “uma sociedade mais humana e
igualitária e que o Estado respeite a vida e seja conduzido sob princípios
éticos e com amor ao próximo”.
É clara a falta de
discernimento de vocês. Vocês não entendem que o mundo recebeu o grande inimigo
de Cristo, Satanás, como príncipe e como deus. Do ponto de vista político,
Satanás é “o príncipe do mundo” (João 14:30), e, do ponto de vista religioso,
“o deus deste século” (2 Cor 4:4). Em Gálatas 1:4 encontramos Paulo nos
ensinando que Cristo “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos
desarraigar deste mundo perverso”. Ou seja, pertencemos a outra esfera. Jesus
falando de seus redimidos explicitou contundentemente: “Eles não são do mundo,
como também eu não sou” (João 17:16). Vocês ainda não discerniram que os
remidos são cidadãos do céu, cuja esperança não diz respeito a este mundo.
Na época de Jesus, a Judéia
foi anexada ao Império Romano. O governador representava o abominável poder pagão
em Jerusalém. Os fariseus estavam buscando oportunidade para mudar o poder
político e livrar-se do jugo que os enfurecia. Nesse contexto, não era de
estranhar que os fariseus esperassem um posicionamento de Jesus no tocante
àquela situação ou o Seu apoio, quer ao partido nacional, quer ao seu oponente,
o partido romano. Em certa ocasião, representantes dos dois partidos trataram
de obter uma opinião política de Jesus, valendo-se da maliciosa pergunta: “É
lícito pagar tributo a Cesar ou não?”. Vocês, pastores da Ormece, sabem muito
bem qual a resposta de Jesus. O Senhor Jesus nada tinha a declarar a respeito
da política da época. Jesus deliberadamente recusou tomar posição a respeito da
questão política.
Em outra ocasião, Jesus teve
uma oportunidade singular de comandar uma multidão empolgada e pronta a
defender a independência da Galiléia, província da Palestina. O povo
impressionado com o poder de Jesus, depois de vê-lo alimentar uma multidão com
5 pães e 2 peixes, decidiram proclamá-lo rei (João 6:15). Vocês, pastores da
Ormece, se esqueceram o que Jesus fez? Jesus retirou-se sozinho para o monte.
Jesus não era homem de política. O Seu desígnio era servir a Deus e salvar os
homens. A Sua missão na terra consistia em recordar os direitos de Deus ao coração
humano. Portanto, imitem o Senhor Jesus! O caminho do Mestre é sem dúvida o que
todo pastor e discípulo devem seguir!
Vocês, pastores da Ormece,
escravizados pela visão tupiniquim, pensam que é dever de vocês fazer o
possível para dar dimensão moral à vida política. A falta de discernimento é
tão grande que vocês não percebem que passagem alguma da Bíblia afirma que o
crente foi colocado neste mundo com o propósito de melhorá-lo. Se vocês pensam
que vão resolver os problemas da sociedade mostrando interesse pelas questões
sociais, estão dando abrigo a uma grande ilusão. O homem, mesmo no seu melhor
nível, nunca poderá curar os males do mundo. Nunca poderá cristianizar a
sociedade. O Evangelho do Senhor Jesus não tem nada a ver com o evangelho do
avesso de Leonardo Boff, Rubem Alves, Martin Luther King, Nelson Mandela,
Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Dom Helder Câmara, Desmond Tutu.
Pastores da Ormece prestem
atenção: Quem não entendeu que o Evangelho é sobre nossa intimidade com Deus e
não com os problemas desta vida, ainda não compreendeu o que é o Evangelho. O
evangelho não são as boas novas para a construção de melhores escolas, melhores
hospitais, melhores estradas. O Evangelho do Senhor Jesus não são as boas novas
para reivindicar melhores condições de segurança pública, nem para reivindicar
educação para todos, nem para reivindicar saneamento básico. Tudo isso é
importante. Mas, o Evangelho, a fé é sobre outras coisas. Quando o véu do
templo se rompeu, se rompeu para que o homem pecador tivesse acesso ao
Altíssimo, ao Pai, à salvação!
Ló era um homem justo (2 Pe 2:7), mas cometeu
um grave erro. Após estabelecer-se em Sodoma, aceitou uma posição de
autoridade. Vemo-lo assentado à entrada da cidade, lugar ocupado apenas pelos
magistrados (Gn 19:1). Prestem atenção, pastores da Ormece: Ló desejava justiça
e respeito à vida no decaído ambiente de Sodoma. Ló queria que a insalubre
Sodoma fosse conduzida sob princípios éticos e com amor ao próximo. Contudo, os
seus esforços acabaram em total fracasso. Suas advertências foram ignoradas e a
destruição da cidade fez dele um fugitivo arruinado, que acabou miseravelmente
os seus dias em uma caverna (Gn 19:30). Vocês, pastores da Omerce, terão o
mesmo fim de Ló, se não abandonarem a visão medíocre que vocês tem do
Evangelho.
Quando o apóstolo Pedro
escreveu sua carta de exortação, Nero ocupava o trono. Nero foi um dos piores
tiranos que o mundo conheceu. Mandou matar a própria mãe e a esposa. No entanto,
os crentes da época não tomaram nenhuma posição política para instituir um
governo melhor. Pedro exorta os crentes a perseverarem em tranqüila obediência,
suportando “tristezas, sofrendo injustamente, pois foram chamados para isso” (I
Pe 2:19). Vocês, pastores da Ormece, precisam está dispostos a sofrer por
Cristo! Vocês precisam tirar a venda dos olhos e enxergar que Deus está acima
de tudo e pode fazer cumprir a Sua vontade tanto por meio de homens maus quanto
por intermédio de homens de “bons”. Portanto, dediquem suas vidas a coisas que
dizem respeito ao seu Senhor e deixem o mundo ocupar-se das que dizem respeito
ao seu mestre.
Na sua epístola, Tiago
reconhece as injustiças praticadas contra os pobres da sua época. No entanto,
em nenhum momento Tiago se posiciona quanto à necessidade de trocar o poder
político de sua época. Simplesmente, Tiago lembra a proximidade da vinda do
Senhor Jesus (Tg 2:7). Portanto, a participação da igreja na vida política é um
oxímoro.
O mais lamentável desse
encontro foi o desejo da Ormece manter parceria com o Estado. A Bíblia diz
explicitamente para não formarmos alianças profanas. O apóstolo Paulo expressa
enfaticamente: “Não vos ponhais em jugo desigual com os infiéis; porque que
sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as
trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o
infiel?” (2 Co 6: 14-15).
A igreja deve respeitar o
governo e cumprir seus deveres civis. Porém, ela não deve receber favores ou
suporte financeiro do governo para obras sociais. Deve ser livre e
auto-sustentada. A igreja primitiva que transformou o mundo de então, não fez
acordos governamentais, pois estava consciente que é o colocar-se sob o senhorio
de Cristo que traz as bem-aventuranças. As bênçãos de Deus sobre a igreja não
dependem de acordos profanos, mas da nossa fidelidade a Deus. Vocês, pastores
da Ormece, precisam aprender com o pastor George Müller que conheceu como
ninguém, o que é viver vendo o invisível, tocando o intangível e crendo no
impossível. Müller construiu em Bristol, na Inglaterra, grandes edifícios para
abrigar menores carentes, sem ter que fazer nenhuma parceria com o governo
britânico. Todos os recursos ele os obteve através da oração. Que caiam as
escamas de vossos olhos e o negrume de vossas mentes. Que as vossas vidas sejam
de santidade e obediência!
Ir. Marcos Pinheiro
São poucos que pregam e lutam pela verdade do Evangelho '' Quase uma raridade''
ResponderExcluirQue Deus te Abençoe!