sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CARTA ABERTA À ORDEM DOS PASTORES EVANGÉLICOS DO ESTADO DO CEARÁ


CARTA ABERTA À ORDEM DOS PASTORES EVANGÉLICOS DO ESTADO DO CEARÁ - ORMECE

Pastores da Ormece, meus pêsames!

Meus pêsames pela falta de discernimento e pela visão tupiniquim e medíocre de vocês. Vocês se reuniram para anunciar apoio a um dos candidatos ao governo do Estado do Ceará. A Ormece apresentou ao candidato suas ideias para “uma sociedade mais humana e igualitária e que o Estado respeite a vida e seja conduzido sob princípios éticos e com amor ao próximo”.

É clara a falta de discernimento de vocês. Vocês não entendem que o mundo recebeu o grande inimigo de Cristo, Satanás, como príncipe e como deus. Do ponto de vista político, Satanás é “o príncipe do mundo” (João 14:30), e, do ponto de vista religioso, “o deus deste século” (2 Cor 4:4). Em Gálatas 1:4 encontramos Paulo nos ensinando que Cristo “se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso”. Ou seja, pertencemos a outra esfera. Jesus falando de seus redimidos explicitou contundentemente: “Eles não são do mundo, como também eu não sou” (João 17:16). Vocês ainda não discerniram que os remidos são cidadãos do céu, cuja esperança não diz respeito a este mundo.

Na época de Jesus, a Judéia foi anexada ao Império Romano. O governador representava o abominável poder pagão em Jerusalém. Os fariseus estavam buscando oportunidade para mudar o poder político e livrar-se do jugo que os enfurecia. Nesse contexto, não era de estranhar que os fariseus esperassem um posicionamento de Jesus no tocante àquela situação ou o Seu apoio, quer ao partido nacional, quer ao seu oponente, o partido romano. Em certa ocasião, representantes dos dois partidos trataram de obter uma opinião política de Jesus, valendo-se da maliciosa pergunta: “É lícito pagar tributo a Cesar ou não?”. Vocês, pastores da Ormece, sabem muito bem qual a resposta de Jesus. O Senhor Jesus nada tinha a declarar a respeito da política da época. Jesus deliberadamente recusou tomar posição a respeito da questão política.

Em outra ocasião, Jesus teve uma oportunidade singular de comandar uma multidão empolgada e pronta a defender a independência da Galiléia, província da Palestina. O povo impressionado com o poder de Jesus, depois de vê-lo alimentar uma multidão com 5 pães e 2 peixes, decidiram proclamá-lo rei (João 6:15). Vocês, pastores da Ormece, se esqueceram o que Jesus fez? Jesus retirou-se sozinho para o monte. Jesus não era homem de política. O Seu desígnio era servir a Deus e salvar os homens. A Sua missão na terra consistia em recordar os direitos de Deus ao coração humano. Portanto, imitem o Senhor Jesus! O caminho do Mestre é sem dúvida o que todo pastor e discípulo devem seguir!

Vocês, pastores da Ormece, escravizados pela visão tupiniquim, pensam que é dever de vocês fazer o possível para dar dimensão moral à vida política. A falta de discernimento é tão grande que vocês não percebem que passagem alguma da Bíblia afirma que o crente foi colocado neste mundo com o propósito de melhorá-lo. Se vocês pensam que vão resolver os problemas da sociedade mostrando interesse pelas questões sociais, estão dando abrigo a uma grande ilusão. O homem, mesmo no seu melhor nível, nunca poderá curar os males do mundo. Nunca poderá cristianizar a sociedade. O Evangelho do Senhor Jesus não tem nada a ver com o evangelho do avesso de Leonardo Boff, Rubem Alves, Martin Luther King, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, Dom Helder Câmara, Desmond Tutu.

Pastores da Ormece prestem atenção: Quem não entendeu que o Evangelho é sobre nossa intimidade com Deus e não com os problemas desta vida, ainda não compreendeu o que é o Evangelho. O evangelho não são as boas novas para a construção de melhores escolas, melhores hospitais, melhores estradas. O Evangelho do Senhor Jesus não são as boas novas para reivindicar melhores condições de segurança pública, nem para reivindicar educação para todos, nem para reivindicar saneamento básico. Tudo isso é importante. Mas, o Evangelho, a fé é sobre outras coisas. Quando o véu do templo se rompeu, se rompeu para que o homem pecador tivesse acesso ao Altíssimo, ao Pai, à salvação!

 Ló era um homem justo (2 Pe 2:7), mas cometeu um grave erro. Após estabelecer-se em Sodoma, aceitou uma posição de autoridade. Vemo-lo assentado à entrada da cidade, lugar ocupado apenas pelos magistrados (Gn 19:1). Prestem atenção, pastores da Ormece: Ló desejava justiça e respeito à vida no decaído ambiente de Sodoma. Ló queria que a insalubre Sodoma fosse conduzida sob princípios éticos e com amor ao próximo. Contudo, os seus esforços acabaram em total fracasso. Suas advertências foram ignoradas e a destruição da cidade fez dele um fugitivo arruinado, que acabou miseravelmente os seus dias em uma caverna (Gn 19:30). Vocês, pastores da Omerce, terão o mesmo fim de Ló, se não abandonarem a visão medíocre que vocês tem do Evangelho.

Quando o apóstolo Pedro escreveu sua carta de exortação, Nero ocupava o trono. Nero foi um dos piores tiranos que o mundo conheceu. Mandou matar a própria mãe e a esposa. No entanto, os crentes da época não tomaram nenhuma posição política para instituir um governo melhor. Pedro exorta os crentes a perseverarem em tranqüila obediência, suportando “tristezas, sofrendo injustamente, pois foram chamados para isso” (I Pe 2:19). Vocês, pastores da Ormece, precisam está dispostos a sofrer por Cristo! Vocês precisam tirar a venda dos olhos e enxergar que Deus está acima de tudo e pode fazer cumprir a Sua vontade tanto por meio de homens maus quanto por intermédio de homens de “bons”. Portanto, dediquem suas vidas a coisas que dizem respeito ao seu Senhor e deixem o mundo ocupar-se das que dizem respeito ao seu mestre.

Na sua epístola, Tiago reconhece as injustiças praticadas contra os pobres da sua época. No entanto, em nenhum momento Tiago se posiciona quanto à necessidade de trocar o poder político de sua época. Simplesmente, Tiago lembra a proximidade da vinda do Senhor Jesus (Tg 2:7). Portanto, a participação da igreja na vida política é um oxímoro.

O mais lamentável desse encontro foi o desejo da Ormece manter parceria com o Estado. A Bíblia diz explicitamente para não formarmos alianças profanas. O apóstolo Paulo expressa enfaticamente: “Não vos ponhais em jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” (2 Co 6: 14-15).

A igreja deve respeitar o governo e cumprir seus deveres civis. Porém, ela não deve receber favores ou suporte financeiro do governo para obras sociais. Deve ser livre e auto-sustentada. A igreja primitiva que transformou o mundo de então, não fez acordos governamentais, pois estava consciente que é o colocar-se sob o senhorio de Cristo que traz as bem-aventuranças. As bênçãos de Deus sobre a igreja não dependem de acordos profanos, mas da nossa fidelidade a Deus. Vocês, pastores da Ormece, precisam aprender com o pastor George Müller que conheceu como ninguém, o que é viver vendo o invisível, tocando o intangível e crendo no impossível. Müller construiu em Bristol, na Inglaterra, grandes edifícios para abrigar menores carentes, sem ter que fazer nenhuma parceria com o governo britânico. Todos os recursos ele os obteve através da oração. Que caiam as escamas de vossos olhos e o negrume de vossas mentes. Que as vossas vidas sejam de santidade e obediência!

Ir. Marcos Pinheiro

Um comentário:

  1. São poucos que pregam e lutam pela verdade do Evangelho '' Quase uma raridade''
    Que Deus te Abençoe!

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