EVANGELISMO-CIRCO
Disse certo pastor: “É
urgente um novo estilo de evangelismo a fim de não enfadar as pessoas; é
preciso um pouco de circo, palhaçada, humor, gaiatice, e show”. Esse argumento
diabólico tem levado o evangelismo moderno a se caracterizar pelo emocionalismo
e não pelo que é bíblico-reflexivo. Jargões e mais jargões têm permeado o
ambiente do evangelismo moderno surripiando o seu verdadeiro significado
bíblico. O teólogo Francis Schaeffer disse: “A tragédia da nossa situação hoje
é que homens e mulheres estão sendo afetados por uma nova maneira de encarar a
Verdade a qual descaracteriza o verdadeiro Evangelho”.
O jargão que virou moda em
todo evangelismo é: “Deus tem um plano maravilhoso para realizar na sua vida”.
Por mais boa vontade que um evangelizador tenha, essa abordagem é rasa,
superficial. Deus não tem plano nenhum para realizar na vida de quem quer que
seja. Ele já realizou! A história do calvário foi real. O plano da redenção já foi
realizado por Deus através de Seu filho Jesus. Essa Boa Nova é muito mais
atrativa, inteligente e bíblica do que dizer que o plano ainda estar por ser
feito. É bíblico propagar na evangelização uma fé bem definida do que uma fé
truncada, pendente. Uma fé tosca e inacabada adoece as pessoas e não gera
frutos com conteúdo.
Lamentavelmente, já vi um
evangelizador dizer a um incrédulo: “Quando você aceita Jesus você recebe um
talão de cheque com várias promessas, esperando a hora de ser preenchido”. Que
banalidade! Esse tipo de evangelismo atrai os egoístas. Na verdade o que temos
de dizer ao pecador é que ele é inimigo de Deus e no estado atual que ele se
encontra não há qualquer esperança a não ser que se arrependa. Devemos insistir
que o plano de Deus para ele a essa altura de sua vida é separá-lo eternamente
de Sua presença.
Baseado na tese de que o
evangelismo precisa ter um novo rosto, muitas igrejas fazem “mutirões
contextualizado” de evangelização. A igreja é dividida em grupos para
evangelizar nas esquinas dos semáforos. E, os crentes saem uns com cara
pintada, outros vestidos de palhaço, outros com fantoche. Alguns ficam dando
cambalhotas na pista enquanto o semáforo está vermelho. Ao mesmo tempo em que
entregam folhetos, o famigerado jargão “Deus tem um plano maravilhoso para
realizar em sua vida” é exibido em uma faixa. Esse é o evangelismo do
inautêntico Evangelho. Inautêntico porque é festivo e o senso de reflexão bíblico-teológica
foi perdido. O aspecto do emocionalismo ultrapassou o aspecto teológico-reflexivo.
Em outros mutirões
percebe-se que os grupos evangelizadores estão tão ansiosos para ver
“conversões” a fim de alardear na igreja quantos foram “salvos” que fazem de
tudo para levar o ímpio a uma “decisão”, antes que ele tenha a oportunidade de
entender a mensagem da cruz e se arrependa. A evangelização é pueril em nome da
quantidade. A temática é deixar o pecador sentir-se confortável. Nesse
contexto, a evangelização é nivelada por baixo.
O evangelismo-circo ocorre
porque o poder do Espírito Santo se foi do ministério. Por isso, que os
pastores fazem todo tipo de coisa tresmalhada para manter o defunto-igreja se
movendo. Quando se perde o poder do Espírito Santo prioriza-se o mundanismo
como meio lícito para evangelizar. Quando se perde a unção sacramentam-se
métodos mundanos na evangelização. Alguns dizem: “É preciso contextualizar a
evangelização”. Ora, é impossível contextualizar o Evangelho sem alterar a
essência da mensagem, sem violar os princípios bíblicos absolutos da santificação,
separação e diferenciação do mundo.
Não precisamos maquiar a
verdade do Evangelho como se tivéssemos vergonha de apresenta-la tal qual ela
é, santa e simples. O Evangelho é tão poderoso em nossa geração quanto era
durante a história antiga da igreja. O poder do Evangelho é tão forte neste
século quanto era nos dias da Reforma Protestante.
Se a obra de evangelização
for realizada através de estratégias mundanas estaremos produzindo um grande
número de pessoas fazendo profissões de fé vazia. O apóstolo Paulo lançava a
rede do Evangelho puro e simples. Não usava truques psicológicos, nem
entretenimento. Não manipulava as emoções das pessoas através de uma
apresentação profissional. Sua mensagem não era divertida. Não era popular, nem
culturalmente relevante, nem contextualizada à moda do dia.
Que o Senhor tenha
misericórdia dos pastores que realizam o evangelismo-circo.
Ir. Marcos Pinheiro
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