CANDIDATOS
EVANGÉLICOS: DESISTAM DE SUAS CANDIDATURAS
A
igreja nunca precisou e nunca vai precisar de representantes no Congresso
Nacional, na Câmara dos Deputados ou na Câmara dos Vereadores para realizar sua
função. Os períodos em que mais a igreja cresceu tanto em quantidade como em
qualidade foram aqueles em que ela não tinha qualquer representante político.
Durante
o início da igreja cristã, os crentes foram perseguidos ferozmente pelo império
romano. Muitos foram torturados, outros mortos. As leis existentes não eram
propícias à liberdade religiosa e mesmo assim a igreja cresceu espiritualmente.
Durante muitos anos, no Brasil, a igreja evangélica não tinha representantes
políticos. E, mesmo assim, crescemos em qualidade. A igreja nunca deixou de existir
tendo liberdade ou não, e sempre vai existir, porque Deus é soberano. É o dono
da obra e Sua obra vai avançar tendo liberdade ou não de se pregar o Evangelho.
Muitos
pensam que a igreja precisa de representantes evangélicos no poder para
melhorar a condição do País. Esse é um engano crasso. Querer atribuir a função
da igreja a parlamentares crentes é desconhecer a missão da igreja de Cristo. A
igreja tem de influenciar o Brasil e o mundo, e isto não se fará através de
leis, mas através da genuína pregação do Evangelho. Querer fazer leis com
princípios cristãos objetivando melhorar a condição moral e ética do País é
reconhecer a ineficácia da igreja e banalizar o poder do Evangelho.
Em
Atos 17:6, lemos que a igreja primitiva transformou o mundo não pelo
engajamento político, mas pregando Cristo crucificado e ressuscitado. Um homem
temente a Deus não rouba, não mente, não mata, não adultera, não recebe
propinas, ama ao próximo, é íntegro em suas relações comerciais, paga
devidamente seus impostos, é submisso às autoridades constituídas. Isso somente
é possível através de um encontro genuíno com Cristo. A função de transformar
homens ímpios e perdidos em homens tementes a Deus não é de um parlamentar ou
governante politico, mas sim da igreja. Não precisamos de um vereador
evangélico para pregar o Evangelho, nem de um deputado, nem de um senador.
Estado é Estado, igreja é igreja. O problema do mundo não é político, é pecado.
Não serão os políticos que trarão a bem-aventurança, mas o colocar-se sob o
controle de Cristo. A Bíblia diz: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor” e não
diz “Feliz a nação cujo governante é crente”.
Muitos Dizem: “Sedraque, Mesaque e Abede-Nego,
eram governantes políticos, por que não posso ser político?” Sugiro
você ler com esmero Daniel 3:12
“Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de
Babilônia: Sedraque, Mesaque e Abede-Nego”. Note que Sedraque, Mesaque e
Abede-Nego eram fiscais, ou seja, eles cuidavam das negociações comerciais da
província de Babilônia. Eles eram responsáveis pelas transações comerciais da
Província. Eles eram empregados do rei, e não autoridade política. Aliás, eles
foram tratados pelo rei Nabucodonosor, como súditos e não como quem tem
autoridade política (Dn 3: 13- 21). Enfim, usar a história de Sedraque, Mesaque e
Abede-Nego para justificar o envolvimento de crentes na política, é ter uma
visão tupiniquim dos planos de Deus.
Outros dizem que no Novo Testamento temos um
crente político: José de Arimatéia. Ele era senador. Portanto, por
que um crente ou um pastor não pode concorrer a um cargo político?
Os registros bíblicos não nos permitem
concluir definitivamente que José de Arimatéia fosse crente, um homem nascido
de novo. É preciso lembrar que muitos seguiam Jesus, mas que poucos realmente
entenderam quem Ele era. José de Arimatéia “esperava o Reino de Deus” na visão
judaica. Ou seja, a restauração do reino de Israel através de um Messias (Atos
1:6). José de Arimatéia era “bom e justo” no aspecto ético e moral. Mas isso
não implica necessariamente que fosse salvo. Nicodemos também era correto, não
corrupto e reconhecia, como José de Arimatéia, ter Jesus vindo de Deus, no
entanto, Jesus disse que Nicodemos precisava nascer de novo. Em Mt 27:57 diz
que José de Arimatéia “era discípulo de Jesus” e em em Jo 19:38 diz que ele “era
discípulo oculto”. A palavra “discípulo”, em Mateus e João, tem uma conotação
genérica que não implica necessariamente compromisso com Jesus. Portanto, não há como querer justificar o seu
engajamento na política tomando como
exemplo José de Arimatéia. Aliás, mesmo que José de Arimatéia tivesse nascido
de novo, não há nenhuma garantia de que ele permaneceu como senador ou que
tenha realizado campanha política para disputar o cargo.
O
historiador J. Sigman no seu livro “On
the Road to civilization, a world history”, relata: “o primitivo cristianismo
foi pouco entendido e foi considerado com pouco favor pelos que governavam o
mundo pagão; os cristãos não aceitavam ocupar cargos políticos”.
O historiador Augusto Neander no seu livro “The
history of the Christian religion and church during the first centuries”, enfatiza: “os cristãos se mantinham alheios e
separados do Estado como raça sacerdotal e espiritual, e o cristianismo
influenciava a vida civil apenas desse modo”.
Vale salientar que os crentes da igreja
primitiva não eram pessoas alienadas. Sem vínculo algum com a política da
época, eles contagiavam os de fora exalando o perfume de Cristo, Precisamos
imitá-los!
Ir. Marcos Pinheiro
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