sábado, 24 de setembro de 2016

CANDIDATOS EVANGÉLICOS: MEDITEM O CASO DE DANIEL



   CANDIDATOS EVANGÉLICOS: MEDITEM O CASO DE DANIEL


Muitos crentes citam a história de Daniel para justificar suas candidaturas à política. Vejamos a interpretação sobre a vida de Daniel.

O rei Nabucodonosor compreendeu a importância do seu sonho e decidiu submeter a um teste os “sábios” da Babilônia. O rei mandou chamar os “sábios” da Babilônia para que eles lhe fizessem saber o sonho e a sua interpretação. Se não conseguissem decifrar o sonho, seriam mortos; porém, se decifrassem o sonho e a sua interpretação, receberiam de Nabucodonosor presentes, e dádivas, e grande honra (Dn 2:5-6). Os “sábios” da Babilônia não conseguiram decifrar o sonho do rei nem a sua interpretação. Nabucodonosor, enfurecido, decretou a matança de todos os “sábios” da Babilônia. O decreto de matança incluía também Daniel. Mas, Daniel estava muito mais preocupado com a vida dos “sábios” da Babilônia do que com sua própria vida, pois Daniel conhecia a Deus e os “sábios” da Babilônia estavam perdidos, pois praticavam abominações aos olhos de Deus.

Daniel, decididamente, foi ter com o rei Nabucodonosor, e pediu tempo para interpretar o sonho. Daniel buscou o Senhor em oração intensa e Deus revela o sonho a Daniel bem como a sua interpretação. Daniel não reivindicou nenhum mérito pessoal por revelar ao rei o sonho e sua interpretação. Daniel não tinha o desejo de governar. Não tinha objetivo político. O seu coração estava no Reino de Deus. Porém, após interpretar o sonho de Nabucodonosor, o rei o colocou para ser governador de toda a província de Babilônia (Dn 2:28). Daniel foi colocado involuntariamente no cargo de governador. Deus tinha um propósito específico quando permitiu Daniel ser governador.

O povo de Israel que estava no cativeiro babilônico corria o risco de se misturar com os babilônios e perder sua identidade de povo de Deus. Os israelitas podiam adquirir os modos de vida dos babilônios. Então, Deus usa Daniel com autoridade de governador sobre o povo de Israel a fim de conservar os costumes e as tradições do povo de Deus.

Por que Daniel tinha que ter a autoridade de governador? O povo de Deus na época, como também as demais nações, só reconhecia autoridade política. Israel era, na época, uma nação politicamente organizada. Essa era uma posição desviada, pois não era a vontade de Deus. Mesmo assim, Deus permitiu que o povo de Israel tivesse governantes humanos e Ele mesmo constituiu alguns, embora esse fosse o desejo do coração desviado do povo. O povo não ouviria Daniel se ele não tivesse autoridade política. Como Israel era uma nação politicamente organizada o povo só reconhecia autoridade política e não reconhecia mais a autoridade divina. Tanto isso é verdade que as palavras dos profetas muitas vezes foram rejeitadas pelo povo, porque eram contrárias às autoridades políticas do povo. Portanto, no caso de Daniel, Deus tinha um propósito bem definido: usá-lo como líder político com autoridade de governador para guardar o povo de Israel da contaminação babilônica. Não tem sentido querer ser político, hoje, para guardar a igreja da contaminação do mundo.

Daniel nunca almejou cargo político, isso se comprova em Daniel 5: 16-17: “eu, porém, tenho ouvido dizer de ti que podes dar interpretação e resolver dúvidas, agora, se puderes ler este escrito, e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, terás cadeia de ouro ao pescoço e no reino serás o terceiro governante; então respondeu Daniel e disse na presença do rei: as tuas dádivas fiquem contigo, e dá os teus prémios a outro; contudo lerei ao rei o escrito, e far-lhe-ei saber a interpretação”. Note que quando Daniel se propôs a ler o escrito na parede do palácio do rei Belsazar, filho de Nabucodonosor, não fez com a intenção de obter poder político. Vê-se claramente que Daniel rejeitou o cargo que o rei Belsazar lhe ofereceu por ter ele interpretado o escrito na parede do palácio.

O crente candidato à política trabalha fazendo campanhas para ser eleito. Isso mostra o desejo de governar no mundo da política. Bem diferente de Daniel. Aquele que almeja participação nos governos políticos mostra o quanto está distante do santo Daniel que nunca almejou ser político.

Usar a história de Daniel para justificar o envolvimento do crente na política é ter uma visão míope dos planos de Deus. Vale salientar que Daniel passou incólume por vários governos, por fidelidade a Deus, e não por fidelidade partidária aos reis. Daniel enfrentou muitas perseguições e, já velho, foi lançado na cova dos leões por fidelidade a Deus, nunca por perseguição política. Não podemos esquecer que a função primária da igreja é proclamar o Santo Evangelho e chamar os homens ao arrependimento. Sua função nunca foi e nunca será o engajamento na política.

Ir. Marcos Pinheiro

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