IGREJA PRECISA SER
IGREJA
A cultura antropocêntrica
entrou para valer no meio evangélico. Conseguiu inserir o foco do culto no
homem: triunfar, triunfar e triunfar. Nesse contexto, glorificar a Deus passou
a ser gritar num culto. Passou a ser espancar a bateria. “Abra a sua boca e
glorifique a Deus mais alto” diz o “ministro de louvor” esbaforido.
A igreja está desfigurada.
Inchou. Prega-se “um outro Evangelho” inspirado por “um outro espírito”
anunciando “um outro Jesus”. O surgimento de “outro Evangelho” trouxe consigo
“outros pastores”. Pastorear passou a ser algo esplendoroso. Passou a dar
status. Ministério passou a ser empreendimento administrativo. Pastor foi
moldado ao figurino de um gerente de empresa. Virou monarca. O verdadeiro
pastor é aquele que está numa posição de humildade e serviço. Deve ser exemplo
de sacrifício, devoção, submissão e amor. Os púlpitos eram trincheiras contra o
pecado, com o “outro Evangelho”, é cenário para anedotas, “sopros poderosos”,
“revelações mentirosas”, “sonhos carnais”, promessas de sucesso material e
apólice contra doenças.
“Pastores” despiram a igreja
de sua sobrenaturalidade. Insistem em subornar as ações do Espírito Santo às
equações meramente humanas. Fazem mapeamento de receptividade ao Evangelho.
Estabelecem alvos numéricos. Aplicam instrumentos avaliativos de gostos e
tendências pessoais a fim de definir os dons espirituais para cada pessoa.
Esquecem esses “pastores” que foi a proclamação simples do Evangelho por homens
que haviam se lançado sob o controle do Espírito Santo que transtornaram o
mundo de sua época.
A fortaleza da igreja vem do
Espírito Santo, da comunhão com ele, do abandono do pecado, do aprofundamento
nas Escrituras. Para triunfar, ela precisa apenas ser igreja. Isto é: depender
da graça de Deus, ser espiritual, viver na presença dele, obedecer a sua
palavra e viver ao pé da cruz. A igreja que é igreja precisa de soluções
espirituais. Não de ciências humanas. A igreja precisa voltar a ser igreja e
deixar de ser uma organização religiosa comandada por executivos espirituais e
conselhos administrativos empresariais. A igreja é o agrupamento dos
regenerados pelo Espírito Santo. Não é um ajuntamento social. Seu objetivo é
anunciar todo o Conselho de Deus. Sua saúde depende de Deus, do Seu poder que
opera nela, de sua fixação sobre o Cristo crucificado e ressuscitado.
A igreja se degenerou a ponto de não mais
transformar o mundo. Está sendo transformada pelo mundo. Isto porque deixou de
ser Militante para ser triunfante. Trocou o testemunho pelas finanças. Ficou
focada na grandeza aos olhos humanos. Hoje, prevalece a mega-igreja e não mais
a santidade e a comunhão dos santos em busca da Canaã Celestial.
Um pastor disse: “Nesta
noite o Espirito Santo se move em você com gemidos inexprimíveis”. O Espírito é
uma pessoa e não sensações. “O Espírito Santo se move em você com gemidos
inexprimíveis” é algo sem sentido. Ele geme por nós, em oração, com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26). Mas, não se move dentro de nós, com gemidos. Quem tem
o Espírito Santo não precisa de muletas emocionais.
A igreja atual está tentando lavar seus pecados com
sabão e detergente. O sabão da religiosidade e o detergente do ativismo
religioso e bondade social. Essas coisas são usadas para remover a sujeira
espiritual. Trabalho inútil. A igreja precisa ser igreja!
É o que tenho a dizer,
Ir. Marcos Pinheiro.
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