ORGULHO SANTO? SÓ
FALTAVA ISSO!
Há muito orgulho, muita
soberba, no meio evangélico brasileiro. Há pastores que se orgulham do templo
da igreja, do culto, da evangelização, do nível social da membresia e da
receita financeira de sua igreja. Orgulham-se de “ganhar almas” para o Reino de
Deus. Isto é a negação do Evangelho. Isto é antigraça.
Esses pastores não
entenderam ou nunca conheceram a graça de Deus. A graça de Deus nos conduz à
humildade. Constrange-nos à simplicidade. A graça não envaidece, mas quebranta,
porque dá noção de nossa realidade. Nossas virtudes são trapos de imundície (Is
64:6). “Trapo de imundícia” alude aos absorventes menstruais que as senhoras da
época usavam. Eles não eram guardados. Eram jogados fora, como sujos e inúteis.
Nosso melhor é sujeira.
A expressão “orgulho santo”
nega a graça. Quem recebeu a graça de Deus não se orgulha. Nunca põe o foco em
si. Não acha o seu ministério “o preferido de Deus”. Quem prova a graça deveria
se espantar e se atemorizar. A graça choca e surpreende. Não merecemos nada.
Tudo é bondade de Deus. A igreja que experimentou a graça de Deus é a igreja
dos pecadores miseráveis. É a igreja dos indignos.
No hebraico a palavra para
graça é “hen”. Significa um ato de um superior que, frustrado com um inferior
que o decepcionou e merece reprovação, trata-o com bondade e misericórdia.
Lamentavelmente, há pastores que trazem na testa a inscrição: “Sou especial de
Deus, minha igreja é a melhor da cidade”. É preciso entender que Deus não tem
“mauricinhos” nem “patricinhas”. Para Deus não há um salvo mais importante do
que outro. Todos nós fomos resgatados pelo mesmo sangue. O sangue derramado no
Gólgota. O sacrifício de Jesus não foi mais valioso na vida de uns e menos
valioso na vida de outros.
O
orgulho de presumir-se grandão foi a atitude do macumbeiro falsamente
convertido, Simão, que “afirmava ser de grande importância” (At 8.9). Jesus
enfatizou: “Se eu, Senhor e Mestre, lavei os vossos pés, também deveis lavar os
pés uns dos outros. Pois eu vos dei exemplo, para que façais também o mesmo”
(Jo 13.14-15). Jesus é o exemplo. A expressão “orgulho santo é um disparate.
Evitemos
querer ser o sustentáculo do Reino de Deus. De querer ser o teólogo genial. O
ungido inigualável. Evitemos o orgulho coletivo de ser a melhor igreja do
mundo, a mais certa, a única que é digna de ser igreja. A igreja de Laodicéia
pensou assim a seu respeito, mas Jesus estava do lado de fora dela (Ap 3.20).
O caráter
de Jesus deve ser o nosso: “… sou manso e humilde de coração” (Mt 11.28) e
“Bem-aventurados os humildes…” (Mt 5:5). Evitemos querer ser raro,
extraordinário. Somente Cristo é uma raridade, porque Ele e somente Ele é o
único centro do Evangelho.
Que
o Senhor tenha misericórdia dos orgulhosos “santos” e dos “santos” orgulhosos.
É
o que tenho a dizer
Ir.
Marcos Pinheiro
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