EGOLATRIA NO MEIO
EVANGÉLICO
O que você achou daquela cantata? O que você achou daquela banda?
Daquele cantor? Fantástico! Fashion! Que tenor! Que coral! É notório, no meio
evangélico, a quantidade de cantores, grupos de louvores, corais e bandas que
se apresentam em igrejas e estádios para serem aplaudidos; receberem ovações,
prêmios e troféus. Tudo que é antropocêntrico é idolatria. Portanto, a
idolatria campeia livre no meio evangélico. A maioria dos corinhos feitos pelos
cantores gospel é focada única e exclusivamente no homem. Esses corinhos são
mantras musicais para satisfazer os delírios das pessoas. Não tratam Deus como
o Soberano Senhor, mas como um beneficiador sagrado. Os mantras musicais
promovem a egolatria através de declarações levianas com ar de seriedade do
tipo: “Você nasceu para ser estrela”, “Você nasceu para brilhar”, “Seus
adversários não vão morrer enquanto você não for exaltado na terra”.
A idolatria é tão forte no meio evangélico que se criou graus de
qualidade para classificar os grupos de louvores, os corais, as cantatas e os
cantores em excelente, bom, regular e ruim. Aí vem o “ministro de música”, põe
o microfone dentro da boca, bate na coxa e levanta a “galera evangélica”
alucinante. Gritos bizarros são ouvidos dos fãs. Nesse contexto, a Soberania de
Deus e os Seus atributos são colocados na periferia. No Novo Testamento o
elemento que evidencia a sinceridade da adoração é a edificação, não o
personalismo. A adoração deve ser cristológica e cristocêntrica, não com
cânticos centrados no adorador.
Nem toda adoração é correta aos olhos de Deus. Creio que para qualquer
leitor honesto da Bíblia isso é tão claro como o sol ao meio dia. As Escrituras
falam sobre a adoração realizada em vão, bem como a adoração verdadeira; sobre
o culto de si mesmo, bem como sobre a adoração espiritual. Lamentavelmente, a
adoração nas igrejas evangélicas passou a ser pomposa e estética. Isso tem
gerado a egolatria. Preocupados com a egolatria, a Reforma Protestante
substituiu a pompa, a performance artística e o esplendor estético pela
simplicidade e fidelidade à Bíblia. Os reformadores rejeitaram as habilidades
artísticas e a adoração teatral, porque entenderam que a adoração a Deus não é
uma atividade estética, nem expressões de dotes artísticos, nem vitrine de
talentos. Eles pintaram de cal todas as igrejas, por dentro e por fora;
removeram os incensos, os sinos, as velas e os castiçais. Tiraram das igrejas
todas as janelas com seus vitrais coloridos e “charmosos”. Aboliram todas as
vestimentas clericais. Enfim, os reformadores tiveram que jogar fora os
acréscimos humanos na adoração, tiveram que abolir o antropocentrismo para que
o povo passasse novamente a adorar de
coração e se livrasse da egolatria.
Deus classificou a adoração na época de Amós de “estrépita” (Amós
5:23). A palavra no hebraico é “hamown” que significa bagunça, baderna,
algazarra. A adoração baderneira é patente em muitas igrejas evangélicas. Não
há quebrantamento, mas estrelismo. Não há contrição, mas egolatria. Tudo se
move em torno do “eu”. Chavões tolos e infantis do tipo: “Conquiste o
impossível”, “Caia por terra”, “Seja cabeça e não cauda”, predominam. Deus é
contundente: “Oferecei sacrifício de louvores do que é levedado” (Amós 4:5). O
fermento é visto nas Escrituras como um tipo de pecado carnal. “Ofertas
fermentadas” simbolizam impureza e indulgência carnal. Os famigerados “artistas
gospel” adoram indulgência carnal. Basta vermos em suas faces a expressão de
satisfação narcisista por estarem na mira dos holofotes, jogos de luzes e
flashes fotográficos. Ademais, chegam às raias do ridículo ao dizerem: “No
final do louvor haverá uma sessão de autógrafos”. Altares para si! Monumentos para
si! Egolatria! Indulgência carnal!
Lamentavelmente, essa “adoração bagunceira” tem jogado no lixo o nome
“evangélico” que construímos em um século. Satanás não é o culpado. A culpa é
da cobiça e da falta de intimidade com Deus de muitos líderes. Ninguém me
convence que um servo de Deus precisa ter um haras de cavalos manga larga, uma
coleção de carros antigos, uma coleção de ternos e gravatas, uma BMW à prova de
bala, um jatinho. Ninguém me convence que é lícito um escravo de Cristo viver
de turismo alegando propósitos culturais, quando na verdade o turismo passou a
ser um fetiche tal qual o bezerro de ouro adorado pelos israelitas. A
ostentação é pecado, pois gera idolatria.
Alguns destacam as palavras de Jesus “Não julgueis, para que não
sejais julgados” (Mat 7:1), para fechar os olhos aos pecados cometidos em nome
do Evangelho. Mas, Paulo reclamou da igreja de Corinto em não julgar um crente
que procedia mal: “Não julgais vós os que estão dentro?” (I Co 5:14). Se os
profetas da era apostólica tinham de ser provados (I João 4:1), quanto mais os
de hoje.
Hoje, pastores promovem cantores evangélicos do mesmo modo que o mundo
promove Muay Thai, Jiu-Jitsu, Boxe e Luta livre: “Os dois cantores que estarão
no nosso 15º aniversário são pesos pesados”, disse um pastor ególatra.
Misericórdia! A igreja virou ringue. Na verdade, a igreja passou a ser o local
onde decorrem comércio e competição entre cantores evangélicos na mesma fatia
de mercado.
A igreja não é MMA – Mixed Martial Arts, loja de conveniência ou clube
social, mas local para cura e restauração pela salvação de Jesus Cristo. Local
de pregação do Evangelho genuíno. Local de confronto do pecado e inconformismo
com o mundo. Local da verdadeira adoração, não de egolatria.
Ir. Marcos Pinheiro
Temos que combater fortemente contra essas aberrações, que estão dominando o povo de Deus, pois muitos cristãos sinceros estão sendo infectados com o vírus da degeneração espiritual, e estão morrendo por causa da falta dos verdadeiros atalaias. Que Deus envie obreiros para sua ceara
ResponderExcluirVamos nos unir em oração e apascentar as ovelhas afim de não serem devoradas pelos lobos famintos.
A Paz de Cristo.