domingo, 1 de fevereiro de 2015

EGOLATRIA NO MEIO EVANGÉLICO



                            EGOLATRIA NO MEIO EVANGÉLICO


O que você achou daquela cantata? O que você achou daquela banda? Daquele cantor? Fantástico! Fashion! Que tenor! Que coral! É notório, no meio evangélico, a quantidade de cantores, grupos de louvores, corais e bandas que se apresentam em igrejas e estádios para serem aplaudidos; receberem ovações, prêmios e troféus. Tudo que é antropocêntrico é idolatria. Portanto, a idolatria campeia livre no meio evangélico. A maioria dos corinhos feitos pelos cantores gospel é focada única e exclusivamente no homem. Esses corinhos são mantras musicais para satisfazer os delírios das pessoas. Não tratam Deus como o Soberano Senhor, mas como um beneficiador sagrado. Os mantras musicais promovem a egolatria através de declarações levianas com ar de seriedade do tipo: “Você nasceu para ser estrela”, “Você nasceu para brilhar”, “Seus adversários não vão morrer enquanto você não for exaltado na terra”.

A idolatria é tão forte no meio evangélico que se criou graus de qualidade para classificar os grupos de louvores, os corais, as cantatas e os cantores em excelente, bom, regular e ruim. Aí vem o “ministro de música”, põe o microfone dentro da boca, bate na coxa e levanta a “galera evangélica” alucinante. Gritos bizarros são ouvidos dos fãs. Nesse contexto, a Soberania de Deus e os Seus atributos são colocados na periferia. No Novo Testamento o elemento que evidencia a sinceridade da adoração é a edificação, não o personalismo. A adoração deve ser cristológica e cristocêntrica, não com cânticos centrados no adorador.

Nem toda adoração é correta aos olhos de Deus. Creio que para qualquer leitor honesto da Bíblia isso é tão claro como o sol ao meio dia. As Escrituras falam sobre a adoração realizada em vão, bem como a adoração verdadeira; sobre o culto de si mesmo, bem como sobre a adoração espiritual. Lamentavelmente, a adoração nas igrejas evangélicas passou a ser pomposa e estética. Isso tem gerado a egolatria. Preocupados com a egolatria, a Reforma Protestante substituiu a pompa, a performance artística e o esplendor estético pela simplicidade e fidelidade à Bíblia. Os reformadores rejeitaram as habilidades artísticas e a adoração teatral, porque entenderam que a adoração a Deus não é uma atividade estética, nem expressões de dotes artísticos, nem vitrine de talentos. Eles pintaram de cal todas as igrejas, por dentro e por fora; removeram os incensos, os sinos, as velas e os castiçais. Tiraram das igrejas todas as janelas com seus vitrais coloridos e “charmosos”. Aboliram todas as vestimentas clericais. Enfim, os reformadores tiveram que jogar fora os acréscimos humanos na adoração, tiveram que abolir o antropocentrismo para que o povo  passasse novamente a adorar de coração e se livrasse da egolatria.

Deus classificou a adoração na época de Amós de “estrépita” (Amós 5:23). A palavra no hebraico é “hamown” que significa bagunça, baderna, algazarra. A adoração baderneira é patente em muitas igrejas evangélicas. Não há quebrantamento, mas estrelismo. Não há contrição, mas egolatria. Tudo se move em torno do “eu”. Chavões tolos e infantis do tipo: “Conquiste o impossível”, “Caia por terra”, “Seja cabeça e não cauda”, predominam. Deus é contundente: “Oferecei sacrifício de louvores do que é levedado” (Amós 4:5). O fermento é visto nas Escrituras como um tipo de pecado carnal. “Ofertas fermentadas” simbolizam impureza e indulgência carnal. Os famigerados “artistas gospel” adoram indulgência carnal. Basta vermos em suas faces a expressão de satisfação narcisista por estarem na mira dos holofotes, jogos de luzes e flashes fotográficos. Ademais, chegam às raias do ridículo ao dizerem: “No final do louvor haverá uma sessão de autógrafos”. Altares para si! Monumentos para si! Egolatria! Indulgência carnal!

Lamentavelmente, essa “adoração bagunceira” tem jogado no lixo o nome “evangélico” que construímos em um século. Satanás não é o culpado. A culpa é da cobiça e da falta de intimidade com Deus de muitos líderes. Ninguém me convence que um servo de Deus precisa ter um haras de cavalos manga larga, uma coleção de carros antigos, uma coleção de ternos e gravatas, uma BMW à prova de bala, um jatinho. Ninguém me convence que é lícito um escravo de Cristo viver de turismo alegando propósitos culturais, quando na verdade o turismo passou a ser um fetiche tal qual o bezerro de ouro adorado pelos israelitas. A ostentação é pecado, pois gera idolatria.

Alguns destacam as palavras de Jesus “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mat 7:1), para fechar os olhos aos pecados cometidos em nome do Evangelho. Mas, Paulo reclamou da igreja de Corinto em não julgar um crente que procedia mal: “Não julgais vós os que estão dentro?” (I Co 5:14). Se os profetas da era apostólica tinham de ser provados (I João 4:1), quanto mais os de hoje.

Hoje, pastores promovem cantores evangélicos do mesmo modo que o mundo promove Muay Thai, Jiu-Jitsu, Boxe e Luta livre: “Os dois cantores que estarão no nosso 15º aniversário são pesos pesados”, disse um pastor ególatra. Misericórdia! A igreja virou ringue. Na verdade, a igreja passou a ser o local onde decorrem comércio e competição entre cantores evangélicos na mesma fatia de mercado.

A igreja não é MMA – Mixed Martial Arts, loja de conveniência ou clube social, mas local para cura e restauração pela salvação de Jesus Cristo. Local de pregação do Evangelho genuíno. Local de confronto do pecado e inconformismo com o mundo. Local da verdadeira adoração, não de egolatria.

Ir. Marcos Pinheiro

Um comentário:

  1. Temos que combater fortemente contra essas aberrações, que estão dominando o povo de Deus, pois muitos cristãos sinceros estão sendo infectados com o vírus da degeneração espiritual, e estão morrendo por causa da falta dos verdadeiros atalaias. Que Deus envie obreiros para sua ceara
    Vamos nos unir em oração e apascentar as ovelhas afim de não serem devoradas pelos lobos famintos.
    A Paz de Cristo.

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