A “TEOLOGIA
VINGATIVA”
O Antigo Testamento parece
sustentar as esperanças de que Deus castiga as pessoas que nos ofende. A Lei do
Antigo Testamento pedia vingança: “Olho por olho, dente por dente”. A mensagem
podia ser resumida assim: “Senhor, tu vistes o que aquela pessoa fez comigo,
agora faz justiça com ela”.
Em Êxodo 15:1-18 temos o
cântico de Moisés onde se celebra a vitória de Deus no mar vermelho contra o
poder do Egito. No verso 9 tem-se o grito furioso dos egípcios: “Perseguirei,
alcançarei, repartirei os despojos; arrancarei a minha espada, a minha mão os
destruirá”. Nos versos 10 e 15 tem-se o juízo de Deus: “Sopraste com o teu
vento, o mar os cobriu; afundaram-se como chumbo; estendeste a tua mão direita;
a terra os tragou”. Há pastores que quando leem esses versos dizem do púlpito:
“É isso que eu quero que Deus faça com aqueles que me ofendem, destrua-os”.
Dizem ainda aos seus ouvintes: “Deus ama tanto vocês que derramará seu juízo
sobre as pessoas que lhes ofendem”.
Vê-se
hoje uma pregação maciça no Antigo Testamento. Isto não é ruim em si mesmo. O
ruim é que se vê muita pregação no Novo Testamento com este sendo analisado
pelo Antigo Testamento. Está havendo uma supremacia do Antigo sobre o Novo não
apenas em quantidade, mas como critério de interpretação. O Antigo tem
interpretado o Novo e seus pressupostos teológicos têm sido empurrados para a
Igreja. Se
tentarmos receber conforto na maneira com que o Antigo Testamento trata com as
pessoas que nos ofendem, estamos nos colocando sob a escravidão da Lei.
Paulo foi bajulado por
hipócritas que depois o insultaram, o ofenderam e o caluniaram. Pessoas
invejosas das revelações que Paulo recebia, zombavam dele. Outros o acusavam de
malversar o dinheiro. Contudo, Paulo nunca pediu a Deus que os destruíssem.
Estevam tinha todo o direito de resistir aqueles que o apedrejavam. Ele poderia
apontar o dedo em riste para aqueles líderes religiosos corruptos e dizer:
“Vocês não vão ficar impunes no dia do juízo, Deus vai puni-los por esse
pecado”. Estevam em vez disso orava: “Senhor, não lhes imputes este pecado”.
Miriam se levantou reclamando contra seu irmão Moisés. Ela cometeu pecado
punível com a morte. Deus golpeou Miriam com lepra. Moisés, porém, não se
alegrou com o sofrimento de sua irmã. Pediu a Deus que a curasse (Nm 12:13).
Nosso poder está quando
ajoelhados, intercedemos por aqueles que nos tem ofendidos. Clamar dizendo:
“Senhor faz pesar a tua mão sobre meus inimigos” não faz parte da Nova Aliança.
A Nova Aliança nos ensina que quando somos injuriados, devemos bendizer; quando
perseguidos, devemos sofrer; quando difamados, devemos consolar. Amar e perdoar
não são opção. É mandamento.
Ir. Marcos Pinheiro
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