sábado, 9 de dezembro de 2017

CANTATA: UMA CONTRADIÇÃO

                                     CANTATA: UMA CONTRADIÇÃO

Lamentavelmente, o “louvor” estético tem invadido as igrejas evangélicas. As bases do louvor são sentimentais. A meta é sacolejar os sentimentos. É comum na época do Natal as igrejas apresentarem Cantatas. Pastores não percebem que acoplado à Cantata está o arrependimento light, a profissão de fé superficial e enganosa.

Em nenhuma parte do Antigo Testamento nos deparamos com situações onde os levitas cantavam e faziam apresentações para o povo. O povo louvava ao Senhor juntamente com os levitas. O louvor era responsabilidade de toda a assembleia dos santos e não de uma pessoa ou um grupo.

Também não há registro no Novo Testamento nem na história da igreja de um clero ou uma classe dirigindo o louvor. Não há um levitismo. A participação era geral e não de grupos. O texto de Efésios 5.18-19 deve ser entendido num contexto de adoração. O texto deixa claro que havia mutualidade no louvor, com participação de todos os crentes. As alusões permitem entender um compartilhamento, não um domínio. Um repartir, não o sobressair. Não encontramos estrelismo. Não encontramos exibicionismo humano.

As cantatas esvaziam a mensagem real do Evangelho. Funcionam como alimento emocional, despertando no espectador, experiências estéticas. Nas cantatas prevalece a arte. A ênfase nas Cantatas é o estilo, a pompa e o caráter ornamental, o que repassa uma mensagem vaporável. Elas apenas incitam sentimentos de simpatia pelo evangelho.

Alguns dizem: “A cantata é válida porque é intercalada por palavras bíblicas, fala-se do nascimento de Cristo, da manjedoura, dos pastores de Belém”. Sim, mas há impacto dramático que conduz a atenção do espectador acima do entendimento espiritual. Algumas pessoas ao assisti-las choram e são impressionados visualmente por 40 minutos, mas é a nível emocional. Por isso, não tem efeito salvífico.

A mensagem passada pelas Cantatas é adornada. É teatral. Não é declarativa, nem salvadora, pois é carregada de recheios purpúreos. A adoração deve ser entendida como expressão de um relacionamento com o Divino, e não como recitação de fórmulas estereotipadas. As cantatas supervalorizam os sentimentos por isso dá-se espaço para jogos de luzes, fumaça, gestual e encenação.

Nota-se, por parte das pessoas que participam de cantata, uma preocupação com a performance estética: “Ensaiamos a Cantata 3 meses antes do Natal, pois Deus merece o melhor”. Que paradoxo! Os reformadores removeram as habilidades artísticas como expressão de louvor. Jogaram fora todo o teatrismo existente no louvor. Enganam-se aqueles que pensam que os instrumentos e o tipo de voz enriquecem a adoração. Enganam-se aqueles que veem a adoração como um espetáculo.

A oferta de Caim foi rejeitada porque representava a sua própria técnica e habilidade. Quando demonstramos nossas habilidades diante de Deus, como ato de louvor, estamos no mesmo nível de Caim.

É o que tenho a dizer,
Ir. Marcos Pinheiro

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