sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

MEGA-TEMPLO: UM PARADOXO

                                          MEGA-TEMPLO: UM PARADOXO


A moda é investir milhões na construção de luxuosos e grandes templos. Granitos, porcelanatos, vitrais, mármores e madeiras importadas, tapetes Persa, cortinas e poltronas caríssimas. Impressiona-me o descaramento de pastores lançando as “campanhas” de arrecadação de dinheiro para a famigerada construção. A lavagem cerebral e a pressão sobre o rebanho é tremenda. O crente que não se envolver na contribuição das ofertas ficará fora da “bênção de Deus”. E, se criticar corre o risco de ser punido por Deus.

Os pastores construtores de mega-templos incentivam a membresia a fazer votos a Deus. Ou seja, a relação com Deus passa a ser uma relação comercial. Uma relação ganha-ganha. Deus ganha pela construção faraônica do templo e o crente ganha pela "bênção recebida" devido ao voto feito. Tudo que merecemos é sem merecimento. É graça. É dádiva. Por isso, o voto não é aplicável na vida cristã. A prática do voto é a judaização do Evangelho e a catolização do protestantismo.

Templos para cinco mil pessoas nem pensar. O negócio é de dez mil para cima. “O templo da minha igreja é 5 estrelas, há lugar Vip para pregadores e cantores convidados”, disse certo pastor. Quanta vaidade! Qual foi o lugar Vip de Jesus? Uma manjedoura. O filho do Homem não tinha onde reclinar a cabeça.

Hoje, o conceito de igreja está vinculado à construção de templos monumentais. Para justificar tal construção pastores citam o templo que Salomão construiu. É preciso entender que no Antigo Testamento Deus glorificava a si mesmo abençoando a nação de Israel para que as nações vissem sua grandeza e viessem a ela. Por isso que Salomão construiu o templo do Senhor esplendoroso. Quando a rainha de Sabá representando as nações gentias visitou o templo reconheceu que o Senhor estava com Israel e amava Israel.

A palavra templo no Novo Testamento nunca foi usada referindo-se a uma construção. “Templo”, também, não é santuário. O lugar onde a igreja se reúne para cultuar a Deus não é santuário. Chamá-lo de santuário é judaizar o cristianismo. “Santuário” é gente. São pessoas remidas. Local de cultos é o lugar onde o verdadeiro santuário de Deus, os servos, se reúne. Nós é que somos a casa de Deus (Hb 3.6). Deus não habita em construções (At 17.24), mas em homens e mulheres. Igreja é gente que conheceu a graça de Deus, creu Nele, comprometeu-se com Ele e espera Nele. Igreja transcende épocas, lugares, culturas e templos.

Nesses mega-templos o espaço físico tem a aparência de um “night club”. O culto é um programa de auditório. Aplausos para aqui, aplausos para acolá entrelaçados com os gritos moleque do pastor. Entre um louvor e outro vêm o marketing da igreja. Antes da coleta dos dízimos e ofertas vem o “sermãozinho persuasivo” e o humorismo do pastor.

Os corinhos são de música pobre e de teologia capenga. Os hinos da Harpa são entoados no ritmo de rock, funk, samba e forró. A imaginação é fértil, mas antibíblica. O mais esdrúxulo é que o auditório “louva” com cara de quem sente dor de dente, apertam os olhos com ar sofrido, e se requebram.

Ir. Marcos Pinheiro

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